quarta-feira, 25 de julho de 2012

Uma Entrevista que desacomoda!


DOMINGO, 15 DE JULHO DE 2012

Educar é preciso

Entrevista interessantíssima com a pedagoga Jane Haddad para quem gosta da área da Educação.

Fonte: Revista Escola Particular - SIESP | Ano 15 - Nº 171 - Junho 2012

Pedagoga pela PUC - MG, Jane Haddad também é especialista em Psicopedagogia (UNI-BH), cursou Docência do Ensino Superior pela Newton Paiva e Formação em Psicanálise (Círculo Psicanalítico de Minas Gerais), além da Psicanálise Hospitalar (Hospital Mater Dei - MG). 

Mas sua experiência não é apenas acadêmica, Jane atuou por mais de 20 anos em escolas como professora, coordenadora pedagógica e diretora. É palestrante e conferencista em eventos educacionais no Brasil e exterior. Com o tema “O Que Quer a Escola: Novos Olhares resultam em Outras Práticas”, ela esteve no Congresso Saber do ano passado. E ela volta neste ano, para participar de uma a roda de conversa sobre os novos arranjos familiares e os desafios escolares decorrentes.

Escola Particular - Quem é o aluno contemporâneo e como lidar com ele?
Jane Haddad - É o jovem que já chega completamente conectado com o mundo. Ele recebe muita informação, porque vive na Era da Informação. Porém, muitos alunos não sabem o que fazer com o que recebem. Esse aluno contemporâneo tem uma cultura própria, que precisa ser trazida para dentro da escola. Isso não significa descer ao seu nível, mas elevá-lo ao nível da escola, pois o nosso desafio é ajudá-lo a transformar essas informações em conhecimento.



EP - Como esse aluno associa as informações que recebe?
JH - Precisamos pensar não apenas nas informações, mas na formação que ele traz de casa e considerar essa questão a partir do âmbito familiar, para depois trazê-lo ao público. Algo que me preocupa bastante é o fato de ser um aluno muito passivo. Embora se reclame muito da violência de alguns, percebo que o seu comportamento em sala de aula, em relação ao aprendizado, é de passividade: ele não fala, não se manifesta, nem argumenta. Ele se posiciona no mundo, mas se mostra apático na escola. Quando você diz para um jovem que ele tirou um zero na prova, invariavelmente, sua resposta se resume a um “aham”. Se você pergunta para ele: ‘então, você não vai ser ninguém?’ E ele dá de ombros, mostrando que não tá nem aí!

EP - Falta comunicação entre alunos e professores?
JH - É engraçado. Alguns alunos não conversam com os educadores em sala de aula, mas quando chegam da escola eles acessam as redes sociais e, ali, se conectam aos professores. E a razão dessa preferência é simples. Conectar-se pela rede é mais fácil, por não ter contato presencial. A escola deve repensar as maneiras de interação e o modo de enxergar esse aluno contemporâneo.

EP - Pode citar algum exemplo?
JH - Há vários bons exemplos. Um deles pode ser o aluno que faz um trabalho pela manhã e, quando chega a tarde, encontra o produto final postado no “face”. Isso é muito positivo quando mediado por um adulto, por promover aproximação entre alunos e professores, e destes com os familiares dos seus alunos. Mas, por outro lado, essa interatividade pode ter um péssimo uso.
Soube de uma escola que puniu o aluno porque ele não curtiu uma postagem, manifestando seu descontentamento por meio de um comentário. Isso é outra coisa a ser pensada. 
A escola deve entender qual é o objetivo das redes sociais, pois o bom uso vai aproximar, na mesma medida em que o mau uso vai separar o aluno da escola. E não posso punir um aluno porque ele se manifestou de modo contrário. Devo trazer o seu ponto de vista para uma discussão presencial, porque o ambiente virtual tem a sua importância, mas não se pode perder a essência do contato olho no olho.


EP - Há pouco tempo, nos EUA, alunos foram proibidos de ter professores entre seus amigos nas redes sociais. O que acha disso?
JH - Deve existir bom senso. Não cabe a um professor se comunicar com uma aluna às 2h da manhã! O professor não pode tratar questões de caráter pessoal com seus alunos. O ambiente virtual é um dispositivo que permite ao professor captar informações úteis sobre os alunos e serve como um auxílio para seu trabalho dentro da sala de aula. Mas quando se perde o senso de propósito dessa ferramenta, a coisa desanda. E ambos [professores e alunos] ficam expostos aos riscos que a gente já conhece.
O adulto deve lembrar que é um adulto. Ao conversar com uma menina de 10 anos, o professor deve entender o que se passa na cabeça dela. Se ele comenta o quanto ela está linda, a chance dessa menina entender que seu professor está apaixonado por ela é muito grande.

EP - E quais são os benefícios da comunicação via redes?
JH - Como falei, existe a vantagem de se abrir um canal de leitura. Por meio dele, fica mais fácil perceber o que seu aluno está te dizendo, aquilo que ele anseia. Então, o professor pode usar 
essa leitura ao trabalhar com os demais alunos, de modo presencial. Tudo o que é novo pode ser usado contra ou a nosso favor. Mas eu sou muito a favor. 
Esse é o mundo deles. O problema é que eles não refletem, mas a escola pode ajudá-los nesse sentido.

EP - E como ministrar aulas que estimulem a reflexão?
JH - Enquanto a escola trouxer coisas prontas para os alunos, não haverá motivação. Eles já estão conectados há muito tempo, bem antes de nós. 
A escola ainda está desconectada. 
E não basta que o professor use as ferramentas tecnológicas por obrigação. Igualmente, não é uma questão de banalizar a rede, mas fazer o aluno encontrar um sentido para aquilo que ele está fazendo. Caso contrário, o professor ficará para trás. Por que não colocar alunos para ajudarem os professores a lidar com as novas tecnologias? Podemos aprender muita coisa com eles. Por outro lado, eu sei uma coisa que alguns deles desconhecem: o perigo da internet. Porque isso é um vício. Uma janela abre a outra, que abre a outra, que abre a outra. Isso é uma coisa que posso ensinar a eles, assim como ensinar a administrar o tempo gasto na rede ou outros conhecimentos que lhe faltam.


EP - Mas as novas tecnologias não resolvem tudo, certo?
JH - Não se deve esquecer que também é importante ler um livro, desenvolve r ideias no papel ou ter contato com uma obra de arte. Falta muita reflexão ao jovem de hoje. As propagandas na TV são um bom exemplo disso. 
Elas trazem a seguinte mensagem : para um a pessoa s e r u m sucesso na vida, deve ser jovem ou ter alguma coisa que ainda não comprou. E qual é a reflexão que o jovem faz sobre isso? Antigamente, as moças sonhavam com um baile de debutantes quando completassem 15 anos de idade. Hoje, sonham com 300 ml de silicone.

EP - Nesse caso, não falta orientação por parte da família?
JH - Às vezes se ouve falar de família ausente. Quantos já pararam para pensar com qual família estamo s lidando? Precisamos saber qual é o perfil da minha escola. Ao marcar uma reunião de pais, preciso saber quem é a família com quem eu estou lidando. Embora tenha ido uma mãe extremamente presente, não gostava de ir às reuniões de pais, porque eu sabia que iria escutar sobre atrasos, avaliações, atividades, etc. Sinceramente, esse é um modelo que deve ser repensado. Precisamos fazer um mapeamento da família e saber aonde eles vão ou do que eles gostam, para planejar algo que venha ao encontro da família. O trabalho não deve focar apenas os alunos, mas suas famílias. 
A família que conheci lá atrás é a mesma de hoje? Porque se eu planejo uma reunião de pais tendo em vista a família que conheci lá atrás, eles continuarão ausentes.

EP - E a questão da indisciplina escolar? O déficit de atenção piora o problema?
JH - A indisciplina só existe quando há rompimento da ordem. Quando uma regra é imposta de modo arbitrário, como a proibição do uso de bonés – algo que faz parte da composição de alguns adolescentes – existe uma quebra no relacionamento entre o adolescente e a escola. E não quero dizer que sou contra ou a favor ao uso do boné. Trata-se apenas de uma reflexão. Qual a interferência do boné na aprendizagem do aluno? Se isso vai mudar a forma de mediar esse aluno, que seja uma regra. Contudo, se não há sentido na proibição, deve-se pensar num bom motivo para restringir seu uso. Precisamos aprofundar mais as reflexões e sair um pouco do modismo. A gente discute tudo, mas de modo superficial, sem se aprofundar. 
Quanto ao que alguns dizem ser déficit de atenção, quero lembrar uma cena comum aos nossos jovens. Eles falam ao celular ao mesmo tempo em que falam com você no MSN, fazem pesquisa no Google e ainda conseguem jogar no computador. Para mim, isso não representa um déficit de atenção. Eu tenho déficit de atenção em ver um a aula d e 45 minutos, o que não faz sentido nenhum para mim.

EP - Entrando no assunto do próximo Congresso Saber, você entende que falta a imposição de limites?
JH - Primeiramente, vamos pensar na falta de limites físicos. Dentro de uma casa com três filhos pode acontecer de a família ter três televisões, além do quarto aparelho, que é dos pais. Então, cada um vai para o seu quarto, que é o seu limite físico, e vê o que quer. Se todos se sentarem juntos diante da mesma TV, vai ter briga, porque não existe consenso. Um exemplo desses parece que não tem nada a ver, mas tem. Avançando nesse raciocínio, podemos analisar a maneira como os filhos entram no quarto dos pais, como eles se deitam, se levam a namorada para transar em casa, etc. É um microcosmo. Já ouvi um professor indagar a razão de um aluno comer à mesa usando boné. Não sabemos se isso é um princípio da família, mas alguns vão dizer que isso acontece porque a família não impõe limites.

EP - Para você, o que é impor limite?
JH - Entendo ser a fronteira entre o pode e não pode; entre o público e o privado. Alguns dizem que essa geração não tem limites. Será que a nossa geração tem? Basta andar por um aeroporto para ver pessoas da nossa geração falando ao celular quando não podem, ocupando três assentos enquanto há pessoas de pé, ou ocupando uma vaga de deficiente. Elas também não têm limites. Será que isso não tem a ver com a educação? 
Concordo que a geração atual não tem certos limites, mas eles são frutos de uma geração cheia de culpas. São pais que passam o dia inteiro fora e entendem ser necessário dar tudo o que os filhos querem para ser feliz. O grande desafio é encontrar um ponto de equilíbrio. Venho de uma geração em que nada podia. Lá atrás, não podia manifestar meu pensamento livremente. Hoje, porém, o jovem pode se manifestar, mas não tem um projeto de vida. Lá atrás, quando alguém dizia um não para um adolescente, ele decidia adiar um prazer ou uma satisfação. 
A partir desse não que ele recebia, surgiam desejos e expectativas; e isso levava à criação de um projeto. Eu não vejo isso no jovem de hoje.
EP - O jovem não sonha? 
JH - Sonha. Porém, somente para o hoje. Já ouvi alguns jovens dizerem que seu sonho é ser um Big Brother. Em uma formatura, um jovem de 24 anos disse que o amanhã não existe e o importante é viver intensamente o dia de hoje.

EP - Faltam bons modelos à juventude?
JH - Percebo que o professor não é mais a referência que costumava ser para os alunos. Eu me lembro da minha primeira professora e de quantos alunos foram influenciados de modo positivo pelos seus educadores! Nos dias de hoje, ai de um aluno se ele disser que quer ser um professor. O próprio educador é o primeiro a repreendê-lo, ao perguntar: “Você tá louco? Quer levar a vida que eu levo?”. E eu te pergunto, quem é que passa o maior tempo com o aluno? É o professor. Mas existe uma luz.

EP -E qual é?
JH - A saída é participar de eventos como o [Congresso] Saber, em que você encontra especialistas de várias áreas, formulando novas questões. É o que falei na minha palestra: quanto menos resposta , melhor ! 
Precisamos de novas perguntas, novos questionamentos. Alguns dizem que a família está ausente. Tudo bem, mas as respostas para isso eu já sei. Aquilo que eu ainda não sei, porém, é a resposta que devo buscar. Isso só acontece quando se formulam novas perguntas. Podemos perguntar, no caso da família, com quem estamos lidando. Precisamos de mais perguntas, mais reflexões e menos receitinhas. Mas não temos as respostas hoje. E quem diz ter as respostas está equivocado. As pesquisas que são feitas, as estatísticas apresentadas e os dados apurados nos ajudam a chegar perto, mas não temos tantas respostas como se propaga por aí. O Congresso Saber é uma oportunidade. São dezenas de atividades para beneficiar o educador. 
Eu venho ao Saber para que também possa aproveitar essa oportunidade única de conhecer mais.

EP - Pena que nem todos vejam dessa forma!
JH - O professor ainda não se deu conta do seu importante papel. Ele não acredita e não se vê como um agente de transformação da sociedade, embora esteja mais tempo com nossas crianças e adolescentes do que os próprios pais. 
Vivemos a angústia da escolha. Antes, o professor não podia mudar de profissão. Hoje pode. Costumo dizer aos insatisfeitos: muda! É um duro e pesado convite, mas é verdadeiro. Em primeiro lugar, alguns professores devem mudar de profissão para darem a si mesmos uma chance de ser feliz. 
Além disso, devem dar uma oportunidade aos seus alunos. Ninguém merece acordar todos os dias pensando que tem de ir para “aquela escola”, para dar “aquela aula”! E se o professor vai assim para a escola, coitado do seu aluno.

EP - Como está a formação dos nossos jovens? Há enfoque nos futuros cidadãos ou em preparar pessoas para o mercado de trabalho?
JH - O mercado de trabalho é muito vasto, mas está cheio de pessoa s extremamente competentes desempregadas. Isso acontece porque, diante do primeiro conflito no trabalho, elas pedem demissão. Há adolescentes que saem alardeando que o mercado está ruim. O problema é que alguns deles trabalham apenas três meses num lugar; e depois de ter um problema com o chefe ou outra pessoa, simplesmente pedem a demissão. São jovens despreparados para o mercado e para a vida.
Conheci excelentes alunos que, na hora de fazer a prova numa federal, não conseguem um bom desempenho. Eles travam. E há aqueles que se dão muito bem no mercado de trabalho, mas veem tudo como uma competição. Para estes, o outro não importa. Sua única preocupação é atingir o objetivo.
Como falar de cidadania em um projeto pedagógico quando há professores que fomentam esse comportamento? Já vi professores do Ensino Médio afirmarem para os alunos, o tempo todo, que embora sejam amigos, seus companheiros de sala são seus concorrentes no vestibular. Será essa a concepção de formação para o mercado que nós buscamos? Todos os dias, vemos quem queira derrubar o outro, ou quem deseje aparecer por causa do fracasso do outro, etc. A escola tem contribuído um pouco com esse espírito de competição, que não é saudável.

EP - A escola é culpada, então?
JH - No dia da tragédia em Realengo, quando a mídia só falava nisso, eu chorei por pensar em qual momento eu poderia ter fechado meus olhos. 
Não que eu tivesse algum sentimento de culpa, mas porque eu também sou uma educadora. E a situação que antecedeu essa tragédia se repete há vários anos em muitas de nossas escolas.
Não estou buscando culpados. Não é isso. E concordo que o ocorrido em Realengo envolve um caso patológico. 
Porém, aquele rapaz [Wellington] passou pela escola. Será que ninguém viu? Ninguém percebeu os sinais de comportamento? O que eu poderia ter feito por ele, como professora? Casos como esse devem servir à reflexão. Não como a mídia faz: massacrando num primeiro momento, para abandonar o assunto depois que perde o interesse. 
O conflito é o tipo de situação que precisa ser contemplada na escola, com discussão em sala de aula.


quarta-feira, 18 de julho de 2012

Silêncio que Fala!

Na Vida existem falas ditas e falas "caladas"! 
Ultimamente o silêncio diz o que as palavras não falam!
Cabe aos pais e educadores "escutar" os sinais silenciosos de suas crianças e jovens!
Algo me preocupa!
Escutar... 
A Palavra anda! O Silêncio Fala!

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Crescer sem Adoecer: Dedicado a minha Filha Juliana Haddad

Menina – moça
Moça – menina!
Onde você está? 
Seu olhar parece despido...perdido... pelo medo de crescer
E adentrar-se a vida adulta; 28 anos se passaram...e ai está você! Moça-mulhe
 Moça- Mulher
É preciso continuar... avida recomeça! agora, você é uma Doutora!
Avançar...enfrentar...desbravar
Crescer se apreende crescendo. 

Menina – moça;Quero ver seu olhar lúcido e limpo;Sem medo
Crescer! Caminhar no seu processo de crescer
Simplesmente crescendo...
No amor , na dor, no .seu tempo seu espaço !
Sem pressa.
Menina-  moça ;Crescer é olhar para sua história
Brincar com com a "dor" de crescer;  vibrar ;despertar e arriscar sem medo de errar
Menina – moça ; 
É preciso aceitar
Que se eu continuar a te embalar com um ninar
Como eu embalava a minha menina Quando você acordar... O que vai ser da Menina-Moça; hoje mulher? Te amo minha filha menina-moça mulher! 
Porto Seguro, 27 de junho de 2012. Boa viagem minha Filha! Paris te espera! Te amo

domingo, 17 de junho de 2012

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SABER 2012

O momento é de Interlocução, a educação não cabe apenas na escola e na família...ela acontece em todo lugar! O momento é de interlocução, buscar novas e velhas perguntas, refletir! E jamais dar respostas! Participem !

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Indo (ir) tecendo(tecer) Palavras!

Viajar... Escutar, falar, sonhar, trabalhar! Me pergunto: tecer é educar? Logo me vem a mente: Educar é como um grande tear... Um ir e vir de vidas! Educar... Tecer ... Minha escolha até o momento, tem sido... Tecer palavras em conferências pelo "mundo" ; desacomodar os acomodados; ampliar o olhar de quem ainda se permite enchergar ; desatar nós dado por uma educação "adormecida" em currículos fechados e metodologias enraízadas em um tempo-espaço que já nã existe mais! Educar tem sido muito mais um ato de escutar do que falar; Onde a palavra entra, é possível ver-fazer mudança! Educar ultrapassa o fazer por fazer; Fazer requer sentir; Sentir requer desejar; Desejar requer " faltar"... A falta que nos coloca em movimento de Desejar ...um desejo que nos leva a outro, outro, outro... Desejo que nos tira da queixa e nos conduz a coresponsabilidade... Educar é meu trabalho, amparado sempre no escutar atento e no olhar cuidadoso, é aí que existe a possibilidade de Tecer uma outra educação: no encontro de vários olhares a palavra surge e pode ser escutada! A Palavra em Movimento! Um ir e vir...educar, tecer movimentos! Jane Patricia Haddad( aeroporto de Confins indo para um encontro com Educadores em Estrela-RS)

sábado, 3 de setembro de 2011

Um Pouco de Poesia ( Fernando Pesssoa)

Epígrafe
 
Entre o sono e o sonho,

Entre mim e o que em mim

ë o quem eu me suponho,

Corre um rio sem fim.
 
Passou por outras margens,

Diversas mais além,

Naquelas várias viagens

Que todo rio tem.

Chegou onde hoje habito

A casa que hoje sou.

Passa , se eu me medito;

Se desperto , passou.

 E quem me sinto e morre

No que me liga a mim

Dorme onde o rio corre -

Esse rio sem fim

Fernando Pessoa, (1888-1935)

sábado, 20 de agosto de 2011

Diálogo

Esperando no Aeroporto, como sempre...pensamentos vão e vêem ...entre uma leitura, Um site...um face... Volto a minha autora, companheira nesses últimos meses, por conta do meu Mestrado, Nell Noddings, a Ética do cuidado , um estudo filosófico da moralidade... Essa autora vem se tornando uma " grande amiga" rsrs Seguindo as Orientações do meu Orientador, mantenha um diálogo constante com ela, acompanhe seus pensamentos, como ela vive, quem ela lê... Enfim parece loucura, mas não é! Hoje, após um ano e meio no Mestrado, entendo o que talvez eu não entendesse antes! Pensar é bem diferente de Refletir sobre o que pensamos! Pesquisar então...é um movimento que jamais termina, apenas inspira a outra pesquisa e outra e...assim segue! Com minha companheira de jornada, Noddings , venho aprendendo muito, inclusive que " as decisões morais são tomadas em situações reais..."(2003,p.13) ela começa o livro com a seguinte questão: Por Que Se Importar Com o Cuidado? Como seres humanos, queremos cuidar e ser cuidados. Essas questões nos remetem a pensar nossas questões morais .... Para a autora: " Cuidar de outra pessoa, no sentido mais importante, é ajudá-lá a crescer e se realizar"... Nossa! Chamaram meu vôo ... Depois eu volto , e continuaremos a refletir sobre o Cuidado,

terça-feira, 26 de julho de 2011

UM ENCONTRO POSSÍVEL !


O momento atual, é bem vindo e tem o poder de desacomodar, as escolas, os professores, os alunos, o currículo,as praticas pedagógicas, as normas, os valores, enfim desacomodar é um bom sinal para uma educação vista como processo.
Refletir, escrever e falar sobre escola, não é tarefa fácil como muitos acreditam, falar e fazer educação é algo precioso, sério, requer estudo, experiência e determinação, aceitar um constante convite, para um encontro.
Quem sabe , pensar a Educação como um Encontro, onde eu me preparo, arrumo o ambiente, preparo o espirito...
Encontro este nem sempre fácil, já que envolve a todo momento um “revisitar” da nossa própria experiência de aluno, de filho, de pais e principalmente nosso lugar de educador.
Um encontro entre eu-outro, momento de rever escolhas  e nos perguntar:
Desejo ser professor?

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Mais um Crime, mais explicações e menos entendimento.

Ao me deparar com a noticia do jovem que matou o Professor, segundo o aluno: “por ser perseguido e injustiçado”, eu me pergunto: Já ouvi isso em algum lugar? E vocês?


Não é o primeiro caso de violência, de aluno para professor, infelizmente, este terminou com a morte do professor. Quem teve a oportunidade, de assistir esta semana o programa: Profissão Repórter por Um dia, na Rede Globo, pode acompanhar junto ao repórter, o dia a dia de uma escola, no caso daquela escola exposta. Outro dia coloquei no meu Facebook: A mídia está a favor ou contra a educação? Já que a má educação é a bola da vez, parece que não anda acontecendo nada de bom, nenhum projeto interessante, enfim este seria outro desabafo.

Onde quero chegar com estas palavras? Quero simplesmente desabafar como educadora e, mãe e cidadã, provocar, aqueles que ainda estão acordados de um mundo que mais parece um pesadelo. M

Nos últimos dias, só se fala e se ouve sobre mais um crime, um jovem de classe média, 23 anos, insatisfeito com o professor, faz o que já era “esperado” elimina quem o incomoda.

Aproveito e volto ao programa do Repórter por um dia, na escola, apresentada no programa, os protagonistas são alunos de 12 a 14 anos, que se recusam a entrar em sala de aula, ficam brincando no pátio; a Diretora “tenta” impor limites, (ordenando que eles subam) alguns, argumentam a professora ainda não chegou, eles sempre chegam atrasados. Já do lado dos professores, a queixa é, os alunos não querem nada com nada, só de ouvir o barulho deles, me dá crise de nervos, e assim segue a conversa, vários, estão de licença médica, uma foi agredida, a outra ameaçada, um continua dando aulas sob efeito de remédios...

Será que a crise educacional começou agora? Quem não se lembra de casos como o daquele aluno de São Paulo, do curso de medicina (ótimo aluno academicamente), resolveu ir ao cinema e eliminar algumas pessoas. E aquela menina linda, loirinha, carinha de anjo, que resolveu juntamente com o namorado deletar os pais, que discordavam da vida que ela vinha levando. Alguns poderão estar pensando, o que isso tem a ver com a educação? Continuando, na semana retrasada, foram mostrados em todos os jornais, alguns jovens em plena Avenida Paulista, em São Paulo, resolveram agredir outros, supostamente homossexuais, ou quem sabe para quebrar o tédio, como foi o caso daquele menino bem criado que surrou a doméstica, por supor que ela era uma prostituta. Assim seguimos, nós adultos, pais e educadores, horrorizados com tais cenas, porém aliviados, por não serem nossos filhos parentes, afinal de contas, eles são diferentes.

A pergunta que dói: Será que são? Basta discordarmos deles, um não banal, já vem revolta, um pedido negado, a cara fechada, graças a Deus na maioria das vezes, podemos encaminhá-los a bons psicanalistas e eles acabam descobrindo que além do prazer existe o desprazer. Uma boa receita agora, talvez fosse: Levem seus filhos a um bom Psicanalista, o melhor, vamos refletir se não seria melhor começarmos pelos adultos.

Confesso a vocês, que neste momento, mais uma vez me abato como mãe e como educadora, me pergunto, onde estamos errando? Será que estou falhando aonde? Pois me sinto responsável por estas barbáries, sou parte dessa rede de adultos que se forma na redoma do “tudo pode”. Onde estamos nos isentando? O momento não é de continuarmos buscando culpados e respostas e sim agirmos, matricularmos os pais nas escolas, criar estratégias de Conversas (Roda de Conversas), nos implicarmos como adultos que somos para além de apenas prover.

Há uma crise instalada, que é possível ser revertida, desde que os adultos se reconheçam como tal, professores e pais precisam entender que as rebeldias e criticas dirigida a eles, não podem ser levadas como pessoais. A educação não cabe mais só na família e na escola, ela é condição se sobrevivência da humanidade. Ela pode sim, começar dentro de casa, dizer um não, adiar um “prazer”, impor uma obrigação e quem sabe até pedir que o filho lave um copo.

Um professor morreu, (este nós vimos e soubemos), um jovem acabou com sua vida e a de sua família, (também pudemos ver). Diante de mais um espetáculo, eu não poderia me isentar de lembrar a “sábia” fala do responsável pelo Instituto Metodista Isabela Hendrix: “o que aconteceu foi um caso isolado”... Fico pensando isolado para quem? Sem maiores julgamentos, será que o “isolado” não é para garantir o mercado, que é sustentado pelos alunos que lá estão? E os professores que lá trabalham, foram escutados? Este jovem foi ao ato: MATOU, ele deve ter dado sinais que talvez não fosse escutado, ou foram, porém abafados. Há tantos alunos e professores silenciosos, que deveriam ser acolhidos.

Volto afirmar, sou educadora e prezo muito minha profissão, já fui diretora de escola particular, e confesso, eu me fazia ADULTA diante de quem precisa de figura de adultos. Indisciplina, violência, e diversos fenômenos existem, e sempre vão existir nas relações humanas. A questão é como gerir os conflitos antes que eles não possam mais ser traduzidos em palavras. Não estaríamos vivendo uma crise de ausência de adultos, referencia e lei?

Voltando ao programa do Repórter por um dia fiquei ouvindo o que eu não queria escutar, a câmera do Repórter ligada: a diretora dizia para o aluno: Entre para sala de aula... O aluno respondia: cuidado com o que você vai falar estamos ao vivo!

Revisitando minha memória, acabo de me lembrar, na semana passada, no domingo, Programa Fantástico, também uma escola está em foco, uma professora e sua turma sendo acompanhadas, pela equipe do programa.

Se você tiver um tempinho, assistam, olhem como as relações professor aluno vêm sendo estabelecidas. Observem, as posturas, as “provas”, os apelidos e as tais “perseguições” sem contar o Conselho de Classe que ali foi apresentado, mais parecia uma sessão de julgamento, em que os réus eram os alunos.

Ah! Meus amigos, como diz Bernard Charlot, educador Francês, professor não é herói e nem vítima. O momento atual é um convite aos educadores: Olhem para dentro de si, lá no fundo e se perguntem: Vocês estão dispostos a serem educadores? Dariam as mesmas aulas para seus filhos que dão para seus alunos?

Quantas pessoas ainda terão que ser mortas, para que olhemos para além do que julgamos ser uma boa ou má educação.

Não me interessa, se o que ocorreu foi um caso isolado, ou não. Meu interesse é o que faremos com isso? Buscaremos novamente apenas apontar e prender o culpado? O culpado já foi pego, é um jovem de 23 anos. E agora, vamos esperar o próximo episódio?

Em minha opinião, achar culpados alivia “um pouco a dor” da família de quem perdeu o ente querido, o buraco jamais será preenchido, os filhos órfãos desse professor entenderão que o mundo é feito de que? Definitivamente, mais esta barbárie, deve desacomodar os acomodados, todos e cada um, na sua casa, na sua profissão, no seu grupo. Sentir-se responsável por si e pelo outro. Resgatar a gentileza, e principalmente voltar a indignar-se, refletir e agir. Qual é a Parte que Lhes cabe?

Jane Patricia Haddad. Educadora por opção!


terça-feira, 12 de outubro de 2010

Revendo Forrest Gump

Forest gumpForrest Gump é um homem especial. Considerado estúpido por todos que o conheçem, ele é na verdade apenas uma pessoa ingênua que vê o mundo por uma perspectiva diferente.Amplia sua lente e olha o que ninguem vê,  Gump acidentalmente participa de alguns dos momentos mais importantes da história recente dos Estados Unidos – Guerra do Vietnã, Caso Wategate, entre outros – enquanto tenta ir atrás do grande amor de sua vida.Fazendo do tempo, o seu tempo.
Sua história é contada como um  drama, que é superado a cada momento, um filme que nos provoca uma reflexão. Porque corremos tanto? Assistam e ampliem seu campo visual!

domingo, 19 de setembro de 2010

A Poesia é parte da vida ( Um pouco de Quintana)

Para Pensar "Existe apenas uma idade para sermos felizes, apenas uma epoca da vida de cada pessoa em que é possível sonhar, fazer planos e ter energia suficiente para os realizar apesar de todas as dificuldades e todos os obstáculos. Uma só idade para nos encantarmos com a vida para vivermos apaixonadamente e aproveitarmos tudo com toda a intensidade, sem medo nem culpa de sentir prazer. Fase dourada em que podemos criar e recriar a vida à nossa propria imagem e semelhança, vestirmo-nos de todas as cores, experimentar todos os sabores e entregarmo-nos a todos os amores sem preconceitos nem pudor. Tempo de entusiasmo e coragem em que toda a disposição de tentar algo de novo e de novo quantas vezes for preciso. Essa idade tão fugaz na nossa vida chama-se presente e tem a duração do instante que passa..

domingo, 4 de julho de 2010

OLHAR

Olhar é ultrapassar qualquer qualquer obstáculo do Ver! Um Olhar diz muito mais que palavras e seus sentidos diversos... Um Olhar é sempre uma marca, cada um tem o seu, seu modo de olhar, de expressar, Um Olhar é apenas um Olhar!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Fazer Mestrado...Uma Escolha

Dormir...estudar...curtir a Familia ou simplesmente se entregar, cada um que passa pela nossa história de vida pessoal, acadêmica,em geral! Cada um tem um conselho, uma frase, um susto. Mestrado!!!! Que loucura, nessa altura da vida? Você enloqueceu? Confesso que em alguns minutos, me faço algumas perguntas do tipo: Será que escolhi certo? Será que vou conseguir? Estou fazendo o que na Academia? Não tenho respostas prontas e sim hípóteses em construção; acredito na educação... é preciso aproximar academia da prática... é preciso aprendermos a pesquisar e anos propor sempre novos desafios! Hoje sinto que , não há explicação e sim um DESEJO... Me tornar uma Pesquisadora; aproximar teoria e prática (dentro do meu possível); Vencer minhas limitações e simplesmente. TER ESCOLHA... FAZER MESTRADO como um exercício de me tornar uma educadora melhor do que eu era, refletir o que escrevo, o que falo e o que faço, trocar e principalmente aprender, abrir mão do social mas ganhar a intimidade com autores "desconhecidos", deixar a família, os amigos (por um tempo) e ganhar novos amigos; Não deixar contaminar-se pelo desânimo e acreditar: Temos Escolha e confesso que não tem sido uma escolha fácil; masssssssss, ninguém disse que seria! Um dia de cada vez, uma página de cada vez, um sono em cada lugar! Até aqui...sobrevivi...e continuo em Movimento ! VIVA!!!!! Confidências de uma aluna no início do Mestrado! Eu. jane Patricia Haddad

quarta-feira, 31 de março de 2010

A Propósito da Clareza

Quando se escreve é não somente para ser compreendido, mas também para não o ser. Um livro não fica diminuído pelo facto de um indivíduo qualquer o achar obscuro: esta obscuridade entrava talvez nas intenções do autor, não queria ser compreendido por qualquer bicho careta. Qualquer espírito um pouco distinto, qualquer gosto um pouco elevado escolhe os seus auditores; ao escolhê-los fecha a porta aos outros. As regras delicadas de um estilo nascem todas daí; são feitas para afastar, para manter a distância, para condenar o «acesso» de uma obra; para impedir alguns de compreender, e para abrir o ouvido aos outros, os tímpanos que nos são parentes. Friedrich Nietzsche, in "A Gaia Ciência"

Mafalda "Irreverente"

Aprender a Ver Aprender a ver - habituar os olhos à calma, à paciência, ao deixar-que-as-coisas-se-aproximem-de-nós; aprender a adiar o juízo, a rodear e a abarcar o caso particular a partir de todos os lados. Este é o primeiro ensino preliminar para o espírito: não reagir imediatamente a um estímulo, mas sim controlar os instintos que põem obstáculos, que isolam. Aprender a ver, tal como eu o entendo, é já quase o que o modo afilosófico de falar denomina vontade forte: o essencial nisto é, precisamente, o poder não «querer», o poder diferir a decisão. Toda a não-espiritualidade, toda a vulgaridade descansa na incapacidade de opor resistência a um estímulo — tem que se reagir, seguem-se todos os impulsos. Em muitos casos esse ter que é já doença, decadência, sintoma de esgotamento, — quase tudo o que a rudeza afilosófica designa com o nome de «vício» é apenas essa incapacidade fisiológica de não reagir. — Uma aplicação prática do ter-aprendido-a-ver: enquanto discente em geral, chegar-se-á a ser lento, desconfiado, teimoso. Ao estranho, ao novo de qualquer espécie deixar-se-o-á aproximar-se com uma tranquilidade hostil, — afasta-se dele a mão. O ter abertas todas as portas, o servil abrir a boca perante todo o facto pequeno, o estar sempre disposto a meter-se, a lançar-se de um salto para dentro de outros homens e outras coisas, em suma, a famosa «objectividade» moderna é mau gosto, é algo não-aristocrático par excellence. Friedrich Nietzsche, in "Crepúsculo dos Ídolos"

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Passeio Socrático

Um Belo Texto do Querido Frei Betto Pode nos Ajudar a Refletir o que realmente é essencial para nossa Vida???? PASSEIO SOCRÁTICO Frei Betto Ao viajar pelo Oriente mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos e em paz nos seus mantos cor de açafrão. Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelo produz felicidade?' Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: Não foi à aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'. Comemorei: Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã...'. 'Que tanta coisa?', perguntei. 'Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina', e começou a elencar seu programa de garota robotizada. Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: Tenho aula de meditação!' Estamos construindo super-homens e super-mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados. Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: Como estava o defunto? Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!' Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa? Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual.. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizi­nho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual. Somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. E somos também eticamente virtuais... A palavra hoje é 'entretenimento'. Domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, calçar este tênis, ­ usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá! O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba­ precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose. O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental, três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse. Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shoppings centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas... Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do Mc Donald... Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: 'Estou apenas fazendo um passeio socrático. Diante de seus olhares espantados, explico: Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz!" Quantas coisas precisamos para Realmente Ser Felizesss?????

domingo, 27 de dezembro de 2009

Gaiolas e Protocolos

Enviado por Ana Neves (SP) São Paulo, terça-feira, 22 de dezembro de 2009 POR RUBEM ALVES Gaiola não gosta de passarinho solto batendo asas A apresentação do coral estava marcada. Mas, por razões de ordem superior, o projeto foi interrompido HÁ PROFISSÕES que podem ser aprendidas na escola, de fora para dentro. E há profissões que já nascem com a gente e não tem jeito de ensinar; só é possível despertar. Isso vale para professores e educadores -e até criei duas metáforas: os eucaliptos, que se produzem em série, todos iguais, fazendo ordem unida como soldados, e os jequitibás, árvores selvagens e solitárias que nascem no meio da floresta sem que ninguém as ensine a serem árvores... Dentre os muitos jequitibás que conheci, está uma mulher. E fiquei conhecendo sua alma de educadora de um jeito curioso. Nova numa cidade, ela precisava escolher uma escola para os seus filhos. Foi então visitando as escolas, umas após as outras, e era sempre a mesma coisa. As diretoras e diretores pensavam que ela estava em busca de uma escola que prometesse aprovação no vestibular com apertos, sofrimentos e 100% do uso do tempo. Mas ela estava em busca de uma escola em que os seus filhos descobrissem o fascínio e a alegria de aprender. Ela encontrou a escola que procurava, os filhos cresceram, se formaram, tornaram-se profissionais e bateram suas asas. Seus filhos se foram, mas uma coisa não foi. Ficou. Ela, jequitibá. Eucalipto, chega um tempo, é aposentado, cortado, transformado em dinheiro. Mas os jequitibás não se aposentam. Até morrer de velhice, eles querem oferecer sombra para crianças e professores. Aconteceu, então, que muitos jequitibás se encontraram e resolveram se transformar numa floresta com o propósito de ajudar escolas que precisassem. Foi numa escola pobre lá na zona leste, na Vila Matilde. Foi assim que me contaram. "Fomos lá a pedido da antiga diretora -ela tinha um jeito de jequitibá!- , impotente diante da enormidade dos problemas a serem resolvidos. O que vimos, ao entrar, foi uma escola simples, como qualquer escola pobre de periferia. Mas a maneira como fomos acolhidas fez toda a diferença. Sentimos que havia verdade e esperança no ar." Aquela era a escola que tanto buscamos encontrar para implantar o projeto a que demos o nome pomposo de "Saúde Mental de Mãos Dadas com a Escola"! Demo-nos conta de que a necessidade mais importante e urgente era canalizar toda aquela pulsão de vida e trazer o olhar de professoras, crianças e funcionários para o prazer. A alegria faz bem à inteligência. E as crianças e os adolescentes precisam de pouca coisa para se sentirem felizes. Surgiu então a ideia de um coral! Quando falamos nisso, foi aquela explosão de risos. Um aluno, da turma dos "difíceis", mencionou o orgulho de seus pais vendo-o cantar num coral! Mas queríamos coisa que valesse a pena, não um corinho qualquer. Lembramos da Osesp e o fantástico maestro Abel Rocha foi contatado. Ele foi nos encontrar e quanta paciência ele teve em nos escutar e conhecer o que pretendíamos. E o nosso projeto também o conquistou. Arranjou-nos dois regentes, jovens, competentes, seus assistentes, e demos início ao nosso tão esperado e festejado coral. A apresentação estava marcada para o meio de dezembro. Mas, por razões de ordem superior, parece que de ordem burocrática e administrativa, o projeto foi interrompido. Uma ventania soprou pra longe o jequitibá e, com ele, foi-se o coral... Parece que existe sempre um conflito entre as regras da burocracia e as florações da vida. Gaiola não gosta de passarinho solto batendo asas...Foi isso que Kurosawa fez representar no seu comovente e profundo filme "Viver". Mas é certo que os passarinhos engaiolados jamais se esquecerão da beleza que é cantar em liberdade... RUBEM ALVES

sábado, 26 de dezembro de 2009

Escolha é sempre um responsabilizar-se

Final de ano, momento de rever nossas escolhas e nos lembrarmos: Cada escolha requer que: Seja Responsável poe ela!!!! “...Depende de mim! De você! Pode ser. E que seja!!! Que a virada do ano não seja somente uma data, mas um momento para repensar tudo o que fizemos e que desejamos, afinal sonhos e desejos podem se tornar realidade somente se fizermos jus e acreditarmos neles!” (Carlos Drummond de Andrade)

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Instituições Educacionais em Ebulição X Educadores em Vaporização

"O mundo "sofre" grandes e profundas transformações “... " É preciso acompanhar o mercado ou você irá evaporar " "O conhecimento está obsoleto"... Final de ano, momento de balanço "Reformulação” Instituições Educacionais em Ebulição e educadores evaporando... A educação nos convoca fazer uma revisão de valores e convicções educacionais. Educar quem e para que? Há uma crise instalada nas Instituições , irei me ater no campo educacional, já que, educadores estão evaporando diante de uma ebulição de novas “velhas” Instituições educacionais. Final de ano, época de balanço momento de rever valores, (re) significar crenças e fazer escolhas ou quem sabe ser escolhido. Mais uma vez me pego escrevendo em forma de desabafo, como muito me ensina a Psicanálise (“fale, escreva tudo que lhe vem a mente...”) um método de tentar entender o não entendido, dizer o indizível, final de ano, sensibilidade, solidariedade época do ano de rever a balança e observar que lado pesa mais, ganhos X perdas. Momento de “evaporação” O conhecido dia “D” nas Instituições Educacionais (quem é educador sabe do que estou falando); famoso dia das demissões , momento de trocas, substituições e exclusões. Dia de “D” Deletar, eliminar aquele que incomoda , não nos serve ou quem sabe; SERVE até de mais que precisa ser eliminado rápido , antes de torna-se uma ameaça para a "nova velha instituição educacional em ebulição". Nos últimos dias, escutei de três amigos, educadores apaixonadas e extremamente envolvidos e comprometidos com nossa educação : - "Fomos demitidos; não servimos mais...” "Estamos vencidos”... De formas tão diferentes as falas tornaram-se tão semelhantes, meus colegas de educação ouviram um ruído sem querer escutar: - “ Precisamos de sangue novo neste momento da Instituição". Um olhar quase sem brilho e logo o ruído aumentou: - “Queremos agradecer seu excelente trabalho até aqui... mas agora o momento é de “sangue novo”! (normal na pós modernidade, o que não me serve basta descartar). Fico aqui pensando: - Será uma nova Instituição surgindo ? ( Uma ebulição educacional onde haverá Transfusões sanguíneas com apenas alguns tipos de “novo sangue” a ser aceito? ! seria uma nova forma de "reciclar" educadores e alunos? (O verdadeiro educador não perde o senso de humor ,e não perderei aqui neste ensaio sanguíneo!). Final de ano, momento de verificar a data de fabricação, (38, 42, 43,... 50...) o tempo de validade (está vencendo), é preciso de novas reposições, diante do inusitado nada como uma substituição silenciosa, (re) tira-se o “ velho” e coloca um “novo”... sangue. Como disse uma das “ Gestoras Educacionais” que é nomeada não sei por quem como “ Líder” (destas famosas que colecionam títulos e discursos vazio de sentido) mas que cumprem seus afazeres (de) magógicos com eficiência e prontidão, e o melhor, sem questionar. Pretendo aqui, provocar uma reflexão a cerca das Instituições Educacionais em Ebulição X Educadores em (E)Vaporização. Como fica a Educação diante dos meios de comunicação, onde tudo parece ser o que é. Substituir o vencido pelo novo. Como injetar “sangue novo” em uma “Instituição educacional velha”? Compessoas “novas-velhas”. “Novos” educadores de idade trarão novas respostas para aquilo que não há uma única resposta? Onde nos perdemos? Há um vapor de expectativas e perplexidade diante de tantas contradições como: Preparar o aluno para a vida, para diversidade, para o futuro, para o mercado de trabalho, sendo que este último é habitado pelos seus colegas (hoje) de sala, e (amanhã) seus concorrentes diretos no tal mercado de trabalho. -“Hoje ele pode ser seu amigo aqui dentro da sala, amanhã ele te derruba no mercado de trabalho, fique esperto e atento... (Fala de um Professor do 3º ano do Ensino Médio). Não estariam as Instituições educacionais provocando uma desumanização entre alunos, educadores, colegas de trabalho? Nem tudo pode ser explicado, no máximo, administrado e questionado. Na educação não há certezas apenas hipóteses e incertezas que devem ser pesquisadas e debatidas, jamais eliminadas por estar “vencidas”. Quando falamos em Educação, de qual educação estamos falando? Ela forma e informa? Ela está a serviço de quem e para quem? Que critérios “Instituições Educacionais em Ebulição” estão usando para substituir sangue velho por sangue novo? Educar para o Futuro? É este o objetivo, substituir pessoas maduras por pessoas novas... Que simplicidade! De que tempo educacional estamos falando? (hoje, ontem, amanhã), que vem se apresentando como um tempo da urgência: Humanizar nossas Instituições em tempos de ebulição, resgatar valores básicos como; simplicidade; responsabilidade; comprometimento; conscientização que vem em forma de um grande tema gerador: “Uma educação sustentável para a sobrevivência de si, do outro, do planeta” Seria a Educação Sustentável uma educação da Urgência? A Urgência Educacional que por sinal será contemplada no tema da Campanha da Fraternidade de 2010 “Fraternidade e Economia” onde o texto base da campanha defende que a economia existe para a PESSOA e para um BEM COMUM da SOCIEDADE e não a pessoa para a Economia... eu diria para atender simplesmente ao MERCADO. Quem está a serviço de quem? O que estamos ensinando as nossas crianças e jovens quando substituímos “ sangue velho por sangue novo”? Quem é a geração do futuro? Na minha opinião, a pior educação é esta que vem em EBULIÇÃO trajando uma eficiência utilitária com discursos e fórmulas mágicas como SANGUE NOVO para “salvar” crianças e jovens marcados por transfusões e genéricos ao longo de um processo educacional que vem comprovando “mortes” lentas e sofridas . Final de ano... época de balanço, momento de escolha e substituições. Queridas Amigos, vocês foram presenteados... Acreditem, há muitas Instituições Educacionais em temperatura ambiente em tempo real ( Hoje) fazendo a diferença passo a passo...na certeza de ser raiz. Na ruptura da veia educacional surge novas possibilidades! Basta estar de olhos abertos e perceber que o momento é agora, onde ainda pulsa sangue de verdadeiros educadores que pensam e agem por uma causa: A nossa Educação Com carinho e admiração, na certeza de compartilharmos este caminho. Da amiga e companheira de EDUCAÇÃO Jane Patrícia Haddad ( Paty) Belo Horizonte, 17 de Dezembro de 2009

domingo, 13 de dezembro de 2009

TECER A VIDA: Época de Balanço

TECER A VIDA: Época de Balanço

Época de Balanço

( Fotos tirada por mim: fotos:1.Londres 2. Belém do Pará ) 2010 Chegando, momento de fazermos aquele famoso Balanço de final de ano O que valeu a pena continuamos preservando em nossas vidas Quem interessa,continua... Que não interessa mais..."DELETAMOS"com o devido cuidado com nosso juízo de escolha, lembrando que errar é humano, mas também persistir no que não queremos enxergar é "escolher sofrer". O que nos interessa, tentaremos agregar para o Próximo ano. Com certeza algumas pessoas, acontecimentos e escolhas já farão parte do meu, do seu, do nosso passado e com certeza não farão parte do meu futuro. A vida é feita de Escolhas e Decisões que tomamos diante dela. Como diz o poeta Fernando Pessos: Felicidade é um ato de Valentia e eu ouso completar; muitas vezes deparo com pessoas que ainda mesmo que "inconsciente" optam em viver no sofrimento e no lugar da eterna Vítima do Mundo. Final de ano, uma possibilidade de rever, rebubinar a fita da nossa vida e recortar os pedaços que podem ser emendados e outros que simplesmente DELETAMOS! Final de Ano... Momento de Balanço... Agradeço por tudo que vivi e senti; Acolhos as coisas boas e tentarei aprender com o que não me fez bem. No balanço ( quase final)... Continuo caminhando,fazendo projetos e deixar minha marca no Mundo! Feliz Natal e obrigada a cada um que por algum motivo passou a fazer parte da minha história. Hoje, olho para trás e me sinto pronta a dar o próximo passo em direção ao amanhã. Jane Patricia Haddad, Belo Horizonte, 13 de dezembro de 2009

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

TECER A VIDA: SUSTENTABILIDADE que palavra é esta?

TECER A VIDA: SUSTENTABILIDADE que palavra é esta?

SUSTENTABILIDADE que palavra é esta?

Moda ou Realidade? Sustentabilidade é uma Continuidade em todos os aspectos da vida... Quem sabe esta Palavra não nos coloca em Movimento, começando pela nossa responsabilidade: cuidar do nosso Habitat; não nos destruirmos; sustentar nossos valores inegociáveis.... Momento de pararmos e refletir sobre: Como estamos atuando no nosso mundo? Preservar a natureza na minha opinião começa quando conseguimos nos preservar como sujeitos de uma história em construção. Ter apenas a consciência da Partida ... a chegada jamais acontecerá...será sempre uma continuidade a vir a ser! Nietzsche já dizia : O que enlouquece é a certeza, não a dúvida. É do caos que nasce uma estrela. Maranhão, 25 de novembro de 2009

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Visitando Abbey Road- Londres

Londres uma emoção ao passear por Grove End Road. São três quarteirões até um certo cruzamento, com a Abbey Road. A faixa de pedestres, a rua e o estúdio são o destino da peregrinação de milhares de beatlemaníacos que passam por Londres. E com certeza sou uma Delas!!!! Fã de carteirinha dos Beatles...Uauuuuu que emoção entre tantas aqui em Londres.

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

TECER A VIDA: O Momento é de Resgatarmos o CUIDAR

TECER A VIDA: O Momento é de Resgatarmos o CUIDAR

O Momento é de Resgatarmos o CUIDAR

Ética para a nova era ( Leonardo Boff) Nenhuma sociedade no passado ou no presente vive sem uma ética. Como seres sociais, precisamos elaborar certos consensos, coibir certas ações e criar projetos coletivos que dão sentido e rumo à história. Hoje, devido ao fato da globalização, constata-se o encontro de muitos projetos éticos nem todos compatíveis entre si. Face à nova era da humanidade, agora mundializada, sente-se a urgência de um patamar ético mínimo que possa ganhar o consentimento de todos e assim viabilizar a convivência dos povos. Vejamos, suscitamente, como na história se formularam as éticas. Uma permanente fonte de ética são as religiões. Estas animam valores, ditam comportamentos e dão significado à vida de grande parte da humanidade que, a despeito do processo de secularização, se rege pela cosmovisão religiosa. Como as religiões são muitas e diferentes, variam também as normas éticas. Dificilmente se pode fundar um consenso ético, baseado somente no fator religioso. Qual religião tomar como referência? A ética fundada na religião possui, entretanto, um valor inestimável por referi-la a um último fundamento que é o Absoluto. A segunda fonte é a razão. Foi mérito dos filósofos gregos terem construído uma arquitetônica ética fundada em algo universal, exatamente na razão, presente em todos os seres humanos. As normas que regem a vida pessoal chamaram de ética e as que presidem a vida social chamaram de politica. Por isso, para eles, politica é sempre ética. Não existe, como entre nós, politica sem ética. Esta ética racional é irrenunciável mas não recobre toda a vida humana, pois existem outras dimensões que estão aquém da razão como a vida afetiva ou além como a estética e a experiência espiritual. A terceira fonte é o desejo. Somos seres, por essência, desejantes. O desejo possui uma estrutura infinita. Não conhece limites e é indefinido por ser naturalmente difuso. Cabe ao ser humano dar-lhe forma. Na maneira de realizar, limitar e direcionar o desejo, surgem normas e valores. A ética do desejo se casa perfeitamente com a cultura moderna que surgiu do desejo de conquistar o mundo. Ela ganhou uma forma particular no capitalismo no seu afã de realizar todos os desejos. E o faz excitando de forma exacerbada todos os desejos. Pertence à felicidade, a realização de desejos mas, atualmente, sem freios e controles, pode pôr em risco a espécie e devastar o planeta. Precisamos incorporá-la em algo mais fundamental. A quarta fonte é o cuidado, fundado na razão sensível e na sua expressão racional, a responsabilidade. O cuidado está ligado essencialmente à vida, pois esta, sem o cuidado, não persiste. Dai haver uma tradição filosófica que nos vem da antiguidade (a fábula-mito 220 de Higino) que define o ser humano como essencialmente um ser de cuidado. A ética do cuidado protege, potencia, preserva, cura e previne. Por sua natureza não é agressiva e quando intervem na realidade o faz tomando em consideração as consequências benéficas ou maléficas da intervenção. Vale dizer, se responsabiliza por todas as ações humanas. Cuidado e responsabilidade andam sempre juntos. Essaa ética é hoje imperativa. O planeta, a natureza, a humanidade, os povos, o mundo da vida (Lebenswelt) estão demandando cuidado e responsabilidade. Se não transformarmos estas atitudes em valores normativos dificilmente evitaremos catástrofes em todos os níveis. Os problemas do aquecimento global e o complexo das varias crises, só serão equacionados no espírito de uma ética do cuidado e da responsabilidade coletiva. É a ética da nova era. A ética do cuidado não invalida as demais éticas mas as obriga a servir à causa maior que é a salvaguarda da vida e a preservação da Casa Comum para que continue habitável.

domingo, 23 de agosto de 2009

refletindo a partir de Fernando Pessoa

"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo. E que posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma. É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um 'não'. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta. Pedras no caminho? Guardo todas, um dia vou construir um castelo..." Fernando Pessoa.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

MORAR FORA

"Não é apenas aprender uma nova língua. Não é apenas caminhar por ruas diferentes ou conhecer pessoas e culturas diversas. Não é apenas o valor do dinheiro que muda. Não é apenas trabalhar em algo que você nunca faria no seu país. Não é apenas ter a possibilidade de ganhar muito mais dinheiro do que se ganhava. Não é apenas conquistar um diploma ou fazer um curso diferente. Morar fora não é só fazer amigos novos e colecionar fotos diferentes. Não é apenas ter horários malucos e ver sua rotina se transformar. Não é apenas aprender a se virar, lavar, passar, cozinhar. Não é apenas comer comidas diferentes, pagar suas contas, se preocupar com o seu próprio aluguel. Não é apenas não ter que dar satisfações e ser dona do seu nariz. Não é apenas amar o novo, as mudanças e também sentir saudades de pessoas queridas e algumas coisas do seu país. Não é apenas levantar da cama em um segundo quando chega encomenda da sua familia. Não é apenas já saber que é alguém do Brasil ligando quando toca seu celular todo domingo no mesmo horário. Não é apenas a distância. Não são apenas as novidades. Não é apenas uma nova vista ao abrir a janela. Morar fora é se conhecer muito mais. É amadurecer e ver um mundo de possibilidades a sua frente. É ver que é possivel sim, fazer tudo aquilo que você sempre sonhou e que parecia tão surreal. É perceber que o mundo está na sua cara e você pode sim, conhece-lo inteiro. É ver seus objetivos mudarem. É mudar de idéia. É colocar em prática. É ver sua mente se abrir muito mais, em todos os momentos. É se ver aberto para a vida. É não ter medo de arriscar. É aceitar desafios constantes. É se sentir na Terra do Nunca e não querer voltar. É querer voltar e não conseguir se imaginar no mesmo lugar de onde partiu. Morar em outro país é surpreender você mesmo. É se descobrir e notar que na verdade, você não conhecia a fundo algo que sempre achou que conhecia muito bem: VOCÊ MESMO!!!" Depoimento de minha Filha Juliana que encontra-se morando em Londres há 4 meses. 10/08/09 Minha Filha, acabei de ler seu depoimento " Morar Fora" confesso que chorei muito e ao mesmo tempo reconheci você (relembrando cada ano de sua vida), fechei os olhos e fui te ouvindo ao longo dos seus 25 anos, tudo que você escreveu de alguma forma você sempre pensou,imaginou e planejou... só que na correria do dia a dia deixamos de nos escutar e acabamos falando sem perceber! A minha menina o que vejo nas suas Palavras é uma mulher que se deixou aparecer e para que isto acontecesse foi preciso "cortar" seu cordão umbilical, sempre eu soube que você é especial, desde o primeiro momento que ser coração bateu dentro de mim, quando seu olhar encontrou o meu no momento de seu nascimento, ali se encontrava o sentido da vida. A Terra do Nunca sempre fez parte de nossas vidas e sempre fará, porque temos urgência em viver e nada nos impede de realizar o que queremos. Me sinto feliz em sentir que vc se encontra com você , encontro unico. Viva cada momento e saiba que aqui há uma mãe torcendo sempre. Te amo MUITOOOO