quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

O Impossível é o nosso Possível

Como já dizia Platão: " Sejamos razoáveis, peçamos o Impossível". Desejo a cada um de vocês meu amigos, que em 2009 , peçamos o impossível para juntos realizarmos o Possível e nas nossas diferenças nos aproximarmos de um Objetivo Uno: UM MUNDO MELHOR, MENOS BLÁ...BLÁ... E MAIS AÇÃO... MENOS VISÃO E MAIS OLHAR! MAIS INDIGNAÇÃO E MENOS NORMALIDADESSSSSSSSS!!! Eu farei a diferença, começando de dentro para fora, revendo meu discurso,resgatando minha coerência,tentando me tornar melhor do que ontem. Certezas,eu não tenho. O começo é apenas o primeiro passo, tenho urgência. O tempo: Hoje A hora: Agora Quem: ós Seres Humanos que ainda Somos... FEIZ NATAL PARA ALÉM DOS PRESENTES E CEIAS. " NENHUM VENTO É FAVORÁVEL PARA QUEM NÃO TEM DIREÇÃO". Com inquietação Jane Patrícia

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Nunca livrar-se da Dúvida....

"Uma cobra que não pode livrar-se de sua casca perece. O mesmo acontece com aqueles espíritos que são impedidos de mudar suas opiniões; cessam de ser espírito." (Nietzsche)

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

AMIZADE

Quem nos dias atuais, não para e fica tentando entender o significado doa amigos... Fico aqui, olhando pela janela do meu quarto, sentada e escrevendo em meu compnheiro inseparável( O computador). Sempre gostei de escrever, como uma forma de me entender, entender as pessoas...decifrar o mundo, se é que tudo isso é possível. Tenho chegado a conclusão, que há coisas que não se explicam, simplesmente sentimos e pronto. AMIZADE é isto, já escrevia sabiamente meu querido Poeta Fernando Pessoa: "Quero ser o teu amigo. Nem demais e nem de menos. Nem tão longe e nem tão perto. Na medida mais precisa que eu puder. Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida, da maneira mais discreta que eu souber. Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar. Sem forçar tua vontade. Sem falar, quando for hora de calar. E sem calar, quando for hora de falar. Nem ausente, nem presente por demais. Simplesmente, calmamente, ser-te paz. É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender! E por isso eu te suplico paciência. Vou encher este teu rosto de lembranças. Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias..." Fernando Pessoa

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

 VOCAÇÃO
   "Nunca dês ouvidos àqueles que, no desejo de servir, te aconselham a renunciar a uma das tuas aspirações.
   Tu bem sabes qual é a tua vocação, pois a sentes exercer pressão sobre ti. E, se a atraiçoas, é a ti que desfiguras.
   Mas fica sabendo que a tua verdade se fará lentamente, pois ela é nascimento de árvore e não, descoberta de uma fórmula. O tempo é que desempenha o papel mais importante, porque se trata de te tornares outro e de subires uma montanha difícil. Porque o ser novo, que é unidade libertada no meio da confusão das coisas, não se te impõe como a solução de um enigma, mas como um apaziguamento dos litígios e uma cura dos ferimentos. E só virás a conhecer o seu poder, uma vez que ele se tiver realizado.
   Nada me pareceu mais útil aos homens como o silêncio e a lentidão"

          ANTOINE DU SAINT-EXUPÉRY

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Indignação diante de outro Show na Mídia

O espetáculo se repete,todos em busca de uma audiência frenética, protagonistas do próprio show. Não sei o que pensar, a não ser nas palavras: Desagregação,Inversão total de valores e principalmente banalização da vida Muito me chocou mais uma vez, a cobertura exagerada da mídia sobre o "espetáculo" protagonizado por um jovem, diante da sua dificuldade de tolerar uma perda, um Não,uma frustração de não poder ter o que se quer. Diante do não, eu mato? Ao saber e depois confirmar, a entrada ao vivo de uma jornalista invasiva e demagógica , para tentar negociar junto ao o jovem, a vida das duas garotas reféns. Que poder e formação é esta? Não acredito,onde fomos parar! A que ponto chegamos...É inaceitável . É preciso aprendermos a conviver com nosso vazio interior, tanto barulho e exposição nos convoca para uma leitura cuidadosa, onde devemos nos perguntar: O momento é de refletirmos: Onde vamos parar? A cada dia que passa , casos como este nos chama e nos aprisiona no medo, no desamparo e principalmente na nossa própria fragilidade humana? Diante de um mundo com tanta informação circulante, arrisco a uma pergunta: - O que levou mais de 10.000 pessoas a querer "VER" e a se despedir da menina Eloá, poucos ali a conheciam? O que estamos querendo ver? Não deixemos com que o espetáculo da mídia nos retire o poder de Reflexão!

domingo, 19 de outubro de 2008

Livraria Lello Porto

A Leitura é uma forma que encontrei de revisitar meus "porões", trazer aquilo, que tenho de melhor...a curiosidade, o desejo de descobrir novos caminhos, o que venho conseguindo atravé do meu encontro - reencontro diário com meus autores prediletos, é ali que faço uma interlocução. A leitura, nos possibilita um reencontro com o que temos de melhor. Ler...Ler...uma forma que encontri de me ouvir. Até maisssssssssssss Jane Paty

Cidade do Porto

«O segredo da felicidade não é fazer sempre aquilo que queremos, mas querer sempre aquilo que se faz.» Leão Tolstoi

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

TEMPO DE SER É INCOMPATÍVEL COM A PRESSA

Nos últimos tempos, discute-se muito o papel da escola, família e educação. Fala-se muito das funções de cada um, do tempo, do tempo de fazer e do tempo de executar, mas não se fala do tempo de ser. Nós, ocidentais, sentimos o tempo como algo vazio, que precisa ser preenchido rapidamente. Vivemos em um tempo sem tempo! Um tempo de ter! Um tempo de preencher. Um tempo de excesso de informação circulante. É necessário resgatarmos em nós e em nossos alunos o tempo de ser, o tempo de despertar potenciais, competências, sonhos e desejos adormecidos por um tempo de ter. É tempo de despertar em nossos aprendizes o desejo de saber. O saber que deve ser provocado por uma escola diferente. Uma escola encantada, impregnada de sonhos, desejos e possibilidades de ser. Acredita-se que a escola não pode tudo, mas pode muito mais do que imaginamos. Tempo de ser! É essa a função do verdadeiro educador. É essa a missão das verdadeiras instituições de ensino – injetar confiança em crianças e jovens, muitas vezes descrentes de seu valor, de suas habilidades, de sua singular capacidade de escrever novos roteiros para suas vidas. Façamos das nossas escolas um caminho real para uma efetiva mudança no ato de educar. Jane Patrícia Haddad (Pedagoga- Revista :Profissão Mestre)

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Vila das Aves - Portugal

Saudades dos Amigos -Educadores com Brilho nos Olhos Vila das Aves,em Portugal , é nesta linda Vila que está a Escola da Ponte, lugar onde pude vivenciar a Possibilidade de Escutar e Olhar uma escola, em uma perspectiva real de inovação. Uma Escola, onde a coerência é buscada, foi ali que pude comprovar, que é possível fazer a diferença. Nada fácil, manter uma equipe em sintonia, diante de tantos desafios, mas ali , consegui ver uma luz. Ali a autonomia é para além de um discurso , ela é vivida diariamente em seus diversos espaços. Há formas de re-significar nossa educação, basta abrirmos os olhos e escutarmos nossos alunos. Ali não há Solidão e sim Solidariedade. " Ao ver uma menina de mais ou menos 9 anos, acompanhando um lindo menino com síndrome de Down, fiquei observando no refeitório: ela o ajudava a abrir seu lanche e orientava sem fazer por ele. Me encantei, a cena era muito humana, me aproximei e disse: - Você é o ajinho da guarda dele? - Ela me olhou com espanto e disse: - Não, eu simplesmente estou o ajudando, é minha obrigação e eu gosto..." Naquele momento, entendi que estou longe de SER uma EDUCADORA, mas não desisto!!! Saudades de uma Educação menos Solitária. Jane Patrícia " À véspera de não partir nunca, ao menos não há que arrumar malas",Fernando Pessoa

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Portugal

«Amigo Maior que o pensamento Por essa estrada amigo vem Não percas tempo que o vento É meu amigo também Em terras Em todas as fronteiras Seja benvindo quem vier por bem Se alguém houver que não queira Trá-lo contigo também Aqueles Aqueles que ficaram (Em toda a parte todo o mundo tem) Em sonhos me visitaram Traz outro amigo também» Traz outro amigo também José Afonso

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Lançamento na Escola da Ponte - Vila das Aves

Pudemos presenciar momentos mágicos e gratificantes, ao ouvir depoimentos e verdadeiras homenagens ao nosso querido Professor José Pacheco. José Pacheco fundador da Escola da Ponte, uma escola que deu certo, a Utopia de fazer uma educação diferente é real, e lá quem esteve, pode comprovar ao escutar ex-alunos do Professor e hoje homens e mulheres já bem sucedidos na vida, principalmente bem sucedidos como pessoas humanas. Digam o que quiserem, critiquem, ameaçem, destruam...a Escola da Ponte é real, funciona e faz a diferença, continuar...depende do desejo de escolha de cada um, que lá está. Escola da Ponte, é a escola que eu acredito, ali, há muitos educadores, únicos em suas especificidades e juntos na busca do coletivo maior(o projeto ponte), ali foi o início e continuará sendo sempre o pólo educativo referência, com educadores determinados e conscientes de seu verdadeiro papel. O Mestre, pode estar em outros lugares no momento, mas a essência ali ficou , continua aliviva , marcada em cada um dos que aqui estão, ex-alunos, ex-pais, professores e companheiros de trabalho, funcionários...e principalmente crianças e jovens com desejo de fazer a diferença. Parabéns Professor José Pacheco, Professor Cristiano, Professor Ricardo, Professor Tiago,Professoras:Ana, Geni, Paulinha , não me lembrarei de todos os nomes...mas sintam-se todos homenageados e com a certeza de que a partir do exemplo de vocês, faremos a diferença no Brasil também. Com muito carinho e gratidão. Jane Patrícia Haddad

Cidade do Porto

Porto, uma cidade genuína da Europa, o carater forte dos portugueses e eem contra partida a doçura e o romantismo dos jardins do séc XIX. Porto é Lindo Palco de grandes poetas como Miguel Torga, Fernando Pessoa

Guimarães -Aqui nasceu Portugal...Hoje após sairmos da Escola da Ponte em Vila das Aves, fomos conhecer um pouco da linda Guimarães

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Eu pequenina

Esta é a minha foto preferida, fico olhando e tentando lembrar ( se é que é possivel) o que eu estava pensando? Aquele momento único, ficou registrado na minha memória afetiva, algo que não me lembro...mas, sinto...nada é eterno!

sábado, 26 de julho de 2008

OLHAR

Olhar, Ver...Viver, Olhar para além daquilo que vejo... Olhar ultrapassa a retina, é profundo e ao mesmo tempo superficial. Os olhos ultrapassam a alma, quero dizer...nos fala , sem que precisemos pronunciar. O olhar fala por si só, sobre a vida, sobre o amor, sobre a dor, a saudade, a morte... Eu reconheço o outro pelo olhar, onde acredito que o outro me reconheça. Olhar nos Olhos me atrae, me diz algo, me mostra, me fala... Olhar simplesmente Olhar. É através dele que chegamos até nós. Olhar!!!!

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Falta Poesia no Mundo!

Os poemas são pássaros que chegam não se sabe de onde e pousam no livro que lês. Quando fechas o livro, eles alçam vôo como de um alçapão. Eles não têm pouso nem porto, alimentam-se um instante em cada par de mãos e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias, no maravilhoso espanto de saberes que o alimento deles já estava em ti." (Mário Quintana) Publicada por Srtª Amelie Poulain - Meu alterego em 15:53

terça-feira, 1 de julho de 2008

Idéias conectadas

Uma das principais lições legadas por John Dewey é a de que, não havendo separação entre vida e educação, esta deve preparar para a vida, promovendo seu constante desenvolvimento. É por isso que todo projeto deve nascer de um desejo em querer que ele dê certo. Acreditar é o primeiro passo.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

O filme mostra mulheres que não julgam ( por incrível que pareça)umas as outras pelos seus atos e demonstra como é possível a verdadeira amizade entre as mulheres, livre de interesse,inveja e a competição tão barata e vazia que nos ronda hoje. Sugiro que vejam, um filme, leve, divertido , distrai e nos faz recordar um pouco a época que podíamos ter amigas de verdade. Não que eu não as tenha, mas a cada dia que passa, as relações estão mais superficias. " Sexy and City"...

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Vila Pavão!!! RE -encontro maravilhoso.

Retornar a querida Vila Pavão, me faz renovar minhas energias, é uma forma que encontrei de entrar em uma Rede do Bem, que acredita em uma geração cidadã.
A verdadeira Educação que acontece lá, é um banho de novas esperanças e um gosto de quero mais. Não há queixas .Há muita esperança e uma equipe de verdadeiros guerreiros.
Parabéns pelo (Re) encontro, onde pudemos rever pessoas iluminadas,(verdadeiros educadores) no movimento Real de uma educação que vai para além dos muros da Escola.
Ali há esperança!!!! Com carinho e muito orgulho,me sinto renovada. Beijos da amiga Jane Patricia

sábado, 31 de maio de 2008

Poesia é sempre um elixir!

Súplica
( Miguel Torga) nasceu 12/08/1907 fal. 17/01/1995
"Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas Às urgentes perguntas Que te fiz.
Deixa-me ser feliz Assim, Já tão longe de ti como de mim.
Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto O nosso amor Durou.
Mas o tempo passou, Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria Matar a sede com água salgada.
Poesia é sempre uma Paz...uma forma de nos comunicarmos com nosso Silêncio!!!! Uma forma de nos reconhecermos! Salvador - BH 31/05 Jane

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Lembranças são sempre vivas.

Todos os dias em minha vida, pude olhar para o lado, sem medo de estar só, e lembrar que durante meu Percurso sempre tive e tenho pessoas, que acreditaram e acreditam em mim.

Uma delas é em especial, meu Primo Fábio, que me serviu de referência, amigo e principalmente por ser o Fábio Haddad Aron. Você é muito especial em minha vida! Obrigada por você fazer parte dela .

Rever é sempre bommm!!!

Patch Adams - O Amor É Contagioso
Sinopse- Em 1969, após tentar se suicidar, Hunter Adams (Robin Williams) voluntariamente se interna em um sanatório. Ao ajudar outros internos, descobre que deseja ser médico, para poder ajudar as pessoas. Deste modo, sai da instituição e entra na faculdade de medicina. Seus métodos poucos convencionais causam inicialmente espanto, mas aos poucos vai conquistando todos, com exceção do reitor, que quer arrumar um motivo para expulsá-lo, apesar dele ser o primeiro da turma. Curiosidades- Durante as filmagens, Robin Williams e todo o elenco buscaram ajudar na medida do possível as crianças da Make a Wish Foundation (Fundação Faça um Pedido), que trata de crianças que estão sob tratamento contra câncer. Elas inclusive aparecem em Patch Adams, na cena em que o personagem de Williams visita as crianças no setor pediátrico.
Humanizar sempre é possível em qualquer profissão!
SE você estivesse internado em um Hospital, como gostaria de ser tratado????

sábado, 17 de maio de 2008

SIMPLICIDADE

(Vagando nas idéias sem pensar como escrever, apenas escrevendo...São Paulo -03h 17min ) Simplicidade da vida... é a própria vida,

viver, reviver cada instante,

o momento atual jamais retorna, o presente é este... aqui, inteiro,

porém incompleto. Estou viva!

Incompleto não é completude, meu coração bate, isto é simples,

enquanto eu viver , farei de cada instante um reviver.

Simplicidade é vida é instante, é como eu estou e sou na vida... Simplicidade?

É vida... viver ...

Jane Patrícia Haddad - São Paulo

Mansidão( Rubem Alves sobre a Escola da Ponte)

Mansidão Eu era menino, lá em Minas, bola de gude no chão, pipa voando no ar, pião rodando na mão... De dia brincando naquela terra, de noite lutando distante guerra...
Os homens da vizinhança se reuniam à frente da nossa casa para ouvir o rádio - era o único da redondeza - notícias da guerra na Europa.
E o Carlos Frias dizia com sua voz dramática, fundo musical de "Moonlight Serenade": "E Stalingrado continua a resistir."
Ao que, ouvindo isso o Zé da Cotinha - a Cotinha era uma vizinha velha desdentada maledicente que estava sempre pedindo uns pauzinhos de lenha emprestados - o Zé da Cotinha anunciava com voz solene que ninguém ousava contestar: "Pois hoje, à meia-noite, Stalingrado vai mudar de nome. Vai se chamar Hitlerlogrado..." Era emocionante. O pai ia me mostrando, no enorme mapa da Europa pendurado na parede da sala, os lugares que tinham sido mencionados no rádio, lugares onde as metralhadoras e os canhões faziam soar a "sinistra melodia" da guerra. E eu imaginava a música do pistão a tocar languidamente o "toque de silêncio", ao cair da noite, em memória daqueles que haviam sido silenciados para sempre. Quando a guerra acabou - eu tinha 12 anos - perguntei ao meu pai: "Agora quais serão as notícias que vão aparecer nos jornais?" Meu pai respondeu: "Os jornais vão falar sobre política." Pensei: "Então vai ser muito chato..." Fiquei triste porque a guerra tinha acabado. A guerra é mais emocionante que a paz.Agora os jornais estão interessantes de novo. Não mais as banalidades da corrupção de políticos grotescos que vomitam eloquência com dedo em riste. Emoção de verdade. Adrenalina. Ação. Guerra. Guerra com prenúncios de fim do mundo. Fico hipnotizado pelas manchetes. Elas me colocam no meio da emoção da ação. Essa é a razão porque os filmes de guerra são campeões de bilheteria: todo mundo quer experimentar as emoções da guerra sem correr os seus perigos. A ação é rápida. Meu pensamento, lerdo, não consegue segui-la. As imagens tomam o lugar das idéias. Sou espectador de um filme de guerra - um mero espectador. Foram outros os que escreveram o "script". Eu nada posso fazer além de contemplar. Estou estupidificado intelectualmente e paralisado praticamente. O professor Bento Prado Jr. é filósofo, talvez o maior filósofo brasileiro. Velho, mais ou menos a minha idade. Escreve com clareza. Escreve com beleza. Professor, pensou e ensinou o pensamento de outros. Sábio, pensa e ensina os seus próprios pensamentos. Sabe que sabedoria se ensina com poesia. Assim, virou poeta e escreveu: "Na minha vida tão agitada, / na alma exposta ao tormento de tanto vento - o lençol, no varal, lá fora, que estala violento / contra si mesmo e contra o Bento - , eis-me, finalmente, velho e sem idade / com o vendava l que, desde sempre, estrala, no espaço onde se dispersam as estrelas. / Que fazer? Mudar o mundo, justo em seu fim, ou, mais custoso ainda, a mim? / Nem um, nem outro: - cultivar docemente meu jardim." Esse poeminha me deu grande "felicidade de palavras": ele diz o que sinto. Lá fora, o vendaval que estala violento, indiferente ao que sinto, indiferente ao que penso. Nada posso fazer. Ele só faz me emocionar, uma emoção estéril, uma ereção do pensamento sem que haja ato de amor, orgasmo e fecundação. Assim, fecho os jornais com suas manchetes de guerra que me deixam na condição de espectador inútil, e me volto para aquilo que posso fazer. Posso fazer amor com o meu jardim. Meus pensamentos sobre o meu jardim não serão inúteis. Do meu jardim eu posso cuidar.Nas manchetes dos jornais, as emoções fortes da morte, rápida e barulhenta. Minhas idéias perturbadas.Nas plantas do meu jardim, as emoções brandas da vida, mansa e silenciosa. Penso pensamentos alegres. Quem terá sido? De uma coisa estou certo: tinha de ser jardineiro, tinha de ser poeta e tinha de ser educador. Tudo junto. Se jardineiro, poeta e educador não estivessem juntos a metáfora não teria aparecido. "Jardim de Infância!" Foi isso o que esse desconhecido exclamou ao ver a criançada alegremente aprendendo. E todos concordaram. "É isso mesmo!" - responderam em coro. Tanto que o nome ficou, muito embora o nome do poeta-jardineiro-educador tenha sido esquecido. Crianças e jardins - como se parecem! Nos dois a vida aparece, exuberante, alegre e mansa. Alguns não gostaram do nome "jardim". Acharam que o ensino dos saberes é coisa séria, não é brinquedo, não é coisa de criança, ensinam-se os saberes às crianças precisamente para que elas deixem de ser crianças e se tornem adultos produtivos. Jardim não é espaço produtivo. Produtivas são as hortas. Assim, trataram de fazer com que o nome "jardim de infância" tivesse vida curta - como uma bolha de sabão. Logo as crianças saem do jardim e entram para a escola de verdade que não é jardim. Se fosse, se chamaria jardim. Se não se chama jardim é porque não é. Que coisa é essa escola que não é jardim eu não sei direito. Às vezes imagino que ela é uma linha de montagem - as crianças-flores sendo transformadas em peças de uma máquina. Pois estou muito alegre porque Campinas, nesse momento em que as manchetes dos jornais estão cheias de violência, crimes e morte, está recebendo a visita de um educador que acha que a escola tem de ser um jardim, do princípio ao fim. É o professor José Pacheco, acompanhado da esposa Fátima - da Escola da Ponte, aquela sobre que escrevi, em Portugal: a escola com que sempre sonhei sem imaginar que pudesse existir... Imagino que todo mundo deve estar curioso sobre os princípios básicos da sua jardinagem pedagógica... Isso é fácil. Posso resumir os princípios pedagógicos da Escola da Ponte em poucas palavras. Posso também resumir os princípios da jardinagem em poucas palavras. E os princípios do casamento feliz em poucas palavras. Até mesmo os princípios da arte de escrever em poucas palavras. Mas há um problema que não sei resolver: o conhecimento dos princípios nem faz jardins bonitos, nem casamentos felizes e nem literatura bonita. Princípios funcionam bem quando o que se deseja é a produção de uma linha de montagem. Não funcionam bem quando o que se deseja é a criação de um jardim... Princípios pedagógicos não fazem escolas-jardins... Martin Buber, um maravilhoso filósofo que pôs palavras nos meus sentimentos, disse que o que faz o mundo humano não são as coisas. São as relações. O Paraíso era um lugar maravilhoso, onde se encontravam todas as coisas capazes de trazer felicidade. Mas houve um momento em que a beleza do jardim foi destruída por uma perturbação nas relações. Homem e mulher se olharam com olhos tortos, tiveram vergonha um do outro, e se cobriram. Tiveram medo de Deus, e se esconderam. E o Paraíso foi perdido. Veja o nosso mundo. Com a riqueza que temos e o conhecimento que produzimos, temos condições de reconstruir o Paraíso. E, no entanto, nossa riqueza e nossa ciência produziram um Inferno. Por quê? Porque as relações entre as pessoas e os povos estão podres, vazias de amor, cheias de morte. Isso vale para tudo. Assim acontece com países, empresas, universidades, casas, escolas... O segredo da Escola da Ponte não se encontra nos seus princípios pedagógicos. Ele se encontra nas relações entre pessoas que ali convivem e trabalham. Acontece que a qualidade das relações não pode ser produzida por princípios que se ensinam em cursos de capacitação. "Mundos melhores não são feitos; eles simplesmente nascem" - disse Cummings. A mesma coisa vale para as instituições e organizações: é preciso que a relações nasçam... Uma planta, para nascer, tem de ser plantada. E que semente é essa que foi plantada, nasceu e floresce na Escola da Ponte? Eu acho que é uma semente que o José Pacheco plantou, sem saber que estava plantando. Plantou sem intenção, simplesmente sendo o que ele é, sem precisar fazer força. O José Pacheco plantou mansidão... Mansidão é o abandono voluntário do exercício do poder. "Professor José Pacheco" - uma pessoa conversava com ele ao telefone, faz uns dias - "tenho de preencher formulários relativos à sua vinda ao Brasil. No item relativo à sua função o que coloco? Diretor?" Responde José Pacheco do outro lado do oceano, quase gaguejando: "Não... não... Aqui não temos um diretor. Todos os professores são diretores. Coloque ..." segue-se um silêncio - "coloque 'coordenador de projetos'". É verdade. Na Escola da Ponte não há uma pessoa que tenha a última palavra. O poder não pertence a ninguém; pertence a todos. As idéias não são monopólio de ninguém. São propriedade de todos. O poder não estando localizado numa diretoria, não existe tensão entre "diretoria" e subordinados. E nem a possibilidade de greve... por não haver um detentor do poder a ser dobrado pela força. E nem uma instância superior que use força para intimidar os mais fracos: o professor que manda o aluno para a diretoria... Se há questões de disciplina a serem resolvidas, serão os próprios alunos que as resolverão - pois são eles que cuidam que ninguém estrague o seu jardim. E se todos participam, em igualdade, do cuidado desse jardim, o solo não é propício para o desenvolvimento da grande praga, responsável pelo envenenamento das relações humanas: a inveja. Não digo que ela não exista... Mas, se aparece, brota mirrada, envergonhada, não tem tempo de se transformar em maledicência e conspiração, é fácil de ser arrancada... Visão do profeta Isaías (cap. 6:11-13). Estas eram as manchetes dos jornais no tempo em que ele vivia: as cidades devastadas, sem habitantes; as casas vazias, sem moradores; e os campos totalmente assolados. Nesse cenário de fim de mundo Deus lhe diz: será como o carvalho, que mesmo depois de cortado, continua a brotar... A Escola da Ponte é um broto verde, um anúncio de jardim em meio ao deserto. Bem-vindos, José Pacheco e Fátima... Rubem Alves

sábado, 3 de maio de 2008

FALAR MENOS E FAZER MAIS...

"Aquilo que você faz fala tão alto que não consigo ouvir aquilo que você me diz."
Fico aqui pensando...falamos tanto, mesmo sem nos escutar!
Agimos tão pouco, vocês já pararam para pensar : como andamos sem reação ( atitude) , diante de tantas bárbaries que Assistimos passivamente? Onde esboçamos quase que silenciosamente:- "Quem será o culpado"?
Em que momento fomos " paralisados"? Escolha ou Falta dela?
Incerteza sempre. (In) conclusão , é parte da minha vida, onde me mantenho viva e atuante, busca incansável . Jamais calar diante de tantas perguntas. ( Refletindo... Jane Patrícia Haddad )

quinta-feira, 1 de maio de 2008

ESCUTAR E OLHAR

AINDA HÁ TEMPO
Quando as últimas árvores forem cortadas, Quando o último rio for poluído, quando o último peixe for pescado, aí sim eles verão que dinheiro não se come...
(Chefe da tribo Sioux)

terça-feira, 22 de abril de 2008

Não adianta negar: Educar é para Poucos!

A cada dia que passa, tenho me perguntado,onde foi que paramos!
Semana passada ouvi em uma Palestra ministrada por um Índio:
" Educar é para Poucos", engraçado, fiquei pensando...cada dia acredito mais em tal afirmação.
Educar é para bem poucas pessoas, principalmente porque o verdadeiro educador , acredita no que faz e jamais deixa de olhar e se perguntar: " O que está acontecendo no mundo? Em que momento nos perdemos?
Não adianta mais, fingirmos que: Não estamos vendo (olhando);
Não estamos Escutando;
E calarmos, diante de tanto Horror e Descaso.
O momento nos exige uma leitura sensível, um ler para além do que simplesmente vemos.
Agora, hoje, é o momento de nos admirarmos com o que não dá mais para negarmos e fingirmos que não faz parte de nosso meio... A cada dia novos horrores tomam conta de nossas vidas!
Mesmo diante de tamanho horror, continuo acreditando que o caminho é pela e na Educação.
Educar é para Poucos! Basta estes poucos quererem e acreditarem que Educar vale a pena.
Eu sou uma Educadora em Formação, buscando e jamais me abato!
E você?
Jane Patricia Haddad