TECER A VIDA... Um Tear (um ir e vir) de sentimentos, momentos e vida. Certezas jamais, incertezas sempre.Tecendo histórias, pensamentos, reflexões, filmes, frases e devaneios. Um ponto aqui, outro ali, e sempre que tiver um nó... eu DESATO e dou um laço. Tecer...essa estranha Contradição! #JaneHaddad #Tecer #Teceravida
quinta-feira, 15 de novembro de 2012
domingo, 4 de novembro de 2012
Educar: Uma Escolha!
“Diante de tantas mudanças e avanços,
embora não pareça, a escola passa a ser um referencial ainda maior para alunos
e suas ‘novas’ famílias.”
A Educação encontra-se diante da impossibilidade de tudo saber e
responder, não há certezas prontas e acabadas, o momento atual nos convida a
fazer uma passagem, da certeza à incerteza. Das respostas prontas a perguntas
em aberto. Vivemos um momento de travessia, com novas configurações familiares,
aumento significativo da violência, avanço da tecnologia, mudanças e mais
mudanças.
Diante de tantas mudanças e avanços, embora não pareça, a escola passa a
ser um referencial ainda maior para alunos e suas “novas” famílias, lembrando
que a escola é habitada por pessoas que também estão em processo de mudança.
Mudança sugere outra forma de pensar, agir e interpretar, olhar o
cenário atual é reinterpretar os sinais visíveis e invisíveis; professores
desanimados, alunos apáticos, famílias ausentes, escolas depredadas, uma
educação em aberto.
Falar de educação é falar de vida, pessoas e relações que se estabelecem
em um tempo e espaço.
Nessa perspectiva, proponho um revisita à nossa própria infância: na
minha em especial ... Poucas lembranças habitam minha memória, porém, uma é
presente: o CUIDADO das minhas, das suas, das nossas necessidades básicas, as
de uma criança totalmente em estado de dependência. Chegamos ao mundo sem saber
ao certo de onde viemos, onde estamos e para onde vamos. Aos poucos, marcas vão
sendo parte de nossa história, compondo uma memória afetiva. Lembranças vagas:
a forma em que fomos recebidos; o calor humano ou a frieza de alguém que apenas
nos recebeu; o tom de voz em forma de melodia ou o grito desesperado; a
primeira alimentação ou a privação do alimento; o desconforto do molhado ou o
conforto do cuidado. Um cuidado como amparo.
Passado um tempo, a total dependência vai sendo mesclada com uma
codependência (mãe - bebê), eles vão se distanciando e aos poucos aprendendo a
cuidar de si ou cada um por si - se pensarmos aqui no momento atual em que nos
encontramos. Lembranças vão sendo guardadas e substituídas por realidades,
presença e ausência se misturam. “Nós, adultos, não compreendemos nossa própria
infância” (Freud 1886, p. 10).
Nesse momento de codependência ou coausência, saímos do ambiente
primário seguindo rumo ao secundário, ao nosso segundo mundo: a ESCOLA, uma
instituição que ouvimos falar ser segura. É lá que iremos aprender a ler, fazer
contas, brincar, conhecer pessoas novas e conhecer a querida professora.
Segundo Meyer (2002, p. 8 ), quando a criança chega à escola, ela já traz
consigo suas primeiras vivências com o saber apreendido em casa, suas relações
com seus primeiros objetos de amor, seus pais.
Sendo assim, a escola passa a ser para a criança a continuidade de suas
primeiras vivências em casa, que servirá como peça fundamental para o processo
ensino-aprendizagem.
A aprendizagem no ambiente da Escola
Na perspectiva psicanalítica, a aprendizagem não foca os conteúdos, e sim o campo (vínculo) que se estabelece entre professor e aluno, o que pode favorecer ou não a condição para o aprender, independente dos conteúdos apresentados. Portanto, é importante compreender a transferência como “fenômeno universal da mente humana (...)” e que “domina o todo das relações de cada pessoa com seu ambiente humano” (Freud, 1976, p. 56). Um processo inconsciente, que pode se manifestar em sentimentos afetuosos e/ou hostis, que aparentemente podem não ter uma justificativa real, lógica. Muitas vezes são desafetos dirigidos ao professor, que não dizem respeito a ele e sim ao “lugar” que ele ocupa, ou ao que ele representa no discurso. Só assim o professor pode se tornar a figura a quem serão endereçados os interesses dos alunos.
Na perspectiva psicanalítica, a aprendizagem não foca os conteúdos, e sim o campo (vínculo) que se estabelece entre professor e aluno, o que pode favorecer ou não a condição para o aprender, independente dos conteúdos apresentados. Portanto, é importante compreender a transferência como “fenômeno universal da mente humana (...)” e que “domina o todo das relações de cada pessoa com seu ambiente humano” (Freud, 1976, p. 56). Um processo inconsciente, que pode se manifestar em sentimentos afetuosos e/ou hostis, que aparentemente podem não ter uma justificativa real, lógica. Muitas vezes são desafetos dirigidos ao professor, que não dizem respeito a ele e sim ao “lugar” que ele ocupa, ou ao que ele representa no discurso. Só assim o professor pode se tornar a figura a quem serão endereçados os interesses dos alunos.
A transferência se produz quando o desejo de saber do aluno se liga à
pessoa do professor (com seu desejo de ensinar). O momento a que somos chamados
diante desse quadro é o da coresponsabilidade, já que é na relação que se
estabelece entre professor e aluno que pode ocorrer uma disponibilidade ao
aprender.
O mal-estar que vem se instalando entre professores e alunos passa pelo
endereçamento pessoal, ou seja, tomar a agressão para si é um erro que
cometemos diariamente em nossas salas de aula e até mesmo em nossa vida
pessoal.
De que modo é possível restabelecer o vínculo entre professor aluno?
Reconhecer a importância de se diminuir o mal-estar nas escolas é buscar
repensar um discurso que vem sendo sustentado em queixas e lamúrias. E levar em
conta que o mal-estar é inerente ao ser humano, ele sempre estará presente.
Acredito que se pode propor uma reconciliação do possível com o
desejável, do desejo de querer ser Professor, além do "estar
professor" até que algo melhor apareça. Ser educador na atualidade é
resgatar e legitimar seu lugar. Ser professor em um momento de tantas mudanças
é perguntar-se: desejo ser educador? Estou a serviço de quem?
Quero ajudar a formar que tipo de sujeito?
O momento atual convida professores a mudarem de posição, saírem da
queixa e passarem para a responsabilidade, ousar e reinventar uma nova forma de
relacionarem-se consigo mesmo e com seus alunos. Saírem do lugar de espera: de
serem cuidados, ora pela escola, ora pelo diretor, ora pelo médico, ora pela
família. Esse cuidado deve vir de si, em primeiro lugar, para depois vir do
outro.
Há uma urgência de um reposicionamento, cada um assumindo um lugar de
autocuidado.
Existe um campo possível, o campo do autocuidado, para passarmos do
eu-eu para eu-outro. Um cuidado que pode fazer uma conexão entre o possível e o
desejável, como um começo para se pensar alternativas de sair do
“mal-estar" educacional que vem afetando professores e alunos sob a forma
de adoecimento. “Adoece o sujeito, por não conseguir simbolizar o mal-estar,
não conseguir transformá-lo em palavras” (Diniz,1998, p. 206). Esse mal-estar
estará evidente no discurso de professores, alunos, pedagogos e gestores se
forem criadas oportunidades de escuta.
Repensar educação é começar a interrogar o mundo. De onde vem tanto
fracasso escolar? Por que os alunos não aprendem na escola e, sim, fora dela? O
que estamos ensinando?
Como olhar para o mundo
Olhar para o mundo hoje é aceitarmos que tudo é possível, o tempo-espaço mudou, no entanto, a educação ainda tateia seu lugar. Como compreender uma educação, um aluno, um processo, se muitas vezes não entendemos nossa própria origem?
Olhar para o mundo hoje é aceitarmos que tudo é possível, o tempo-espaço mudou, no entanto, a educação ainda tateia seu lugar. Como compreender uma educação, um aluno, um processo, se muitas vezes não entendemos nossa própria origem?
Passeando por alguns pontos que me chamam atenção como educadora,
observo que desde cedo pais e professores demandam que as crianças aprendam em
determinado tempo e espaço. Prometem a elas que, ao estudarem, tirarem boas
notas e serem bem comportadas, elas serão “bem sucedidas” na vida futura. Pode
até ser, mas isso não é mais garantia. Defendo a ideia de que o tempo presente
é que necessita ser repensado e reinterpretado. No futuro o ser bem-sucedido
pode sim acontecer, porém, em sua relação com o tempo presente.
Enquanto a educação persistir em preparar o aluno para o futuro
longínquo, para o mercado de trabalho mutante, ou mesmo classificando-o como
fraco ou forte, vitorioso ou fracassado, do bem e do mal, continuaremos
compactuando com uma educação como fim e não como meio.
Como proclamar novos discursos demagógico-pedagógicos, se crianças e
jovens continuam sendo enfileirados, etiquetados e impostos a normas e regras
rígidas, que nem eles mesmos reconhecem?
Na relação do aluno com o professor nem sempre há algo intencional, por
parte deles, e sim um pedido de ajuda, uma fala solta, um olhar
"pedinte". Acredito que tanto a Psicanálise quanto a educação podem
propor uma reconciliação do possível com o desejável, uma forma de construir
algo novo, partindo das relações subjetivas, do desejo de saber (aprender).
Como diz Bernard Charlot (2000, p. 82), “a relação com o saber é o próprio
sujeito, na medida em que deve aprender, apropriar-se do mundo, construir-se. E
por que não a relação do cuidar de si para cuidar do outro”?
Afinal, de que educação tanto falamos?
Referências:
CHARLOT, Bernard. Da relação com o saber – elementos para uma teoria. Porto Alegre: Artmed, 2000.
CHARLOT, Bernard. Da relação com o saber – elementos para uma teoria. Porto Alegre: Artmed, 2000.
DINIZ. “O mal-estar das mulheres professoras”. In: Lopes EMT ET AL. (Orgs): A Psicanálise Escuta a Educação. Belo
Horizonte: Autentica,1998.
FREUD, Sigmund. "O mal-estar na civilização". In: ESB, vol.
XXI. Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1976
Por Jane Patrícia Haddad
*Jane Patricia Haddad é pedagoga, com especialização em
Psicopedagogia, Docência do Ensino Superior e Psicanálise. Atuou por mais de 20
anos em escolas como professora, coordenadora pedagógica e diretora, é
consultora institucional e conferencista. Autora dos livros: “Educação e
Psicanálise: Vazio existencial” e “O Que Quer a Escola: Novos Olhares resultam
em Outras Práticas”, ambos publicados pela editora Wak, do Rio de Janeiro.
Atualmente cursa o Mestrado em Educação na Universidade Tuiuti no Paraná, onde
seu tema de pesquisa é a Indisciplina Escolar
quarta-feira, 25 de julho de 2012
Uma Entrevista que desacomoda!
DOMINGO, 15 DE JULHO DE 2012
Educar é preciso
Entrevista interessantíssima com a pedagoga Jane Haddad para quem gosta da área da Educação.
Fonte: Revista Escola Particular - SIESP | Ano 15 - Nº 171 - Junho 2012
Pedagoga pela PUC - MG, Jane Haddad também é especialista em Psicopedagogia (UNI-BH), cursou Docência do Ensino Superior pela Newton Paiva e Formação em Psicanálise (Círculo Psicanalítico de Minas Gerais), além da Psicanálise Hospitalar (Hospital Mater Dei - MG).
Mas sua experiência não é apenas acadêmica, Jane atuou por mais de 20 anos em escolas como professora, coordenadora pedagógica e diretora. É palestrante e conferencista em eventos educacionais no Brasil e exterior. Com o tema “O Que Quer a Escola: Novos Olhares resultam em Outras Práticas”, ela esteve no Congresso Saber do ano passado. E ela volta neste ano, para participar de uma a roda de conversa sobre os novos arranjos familiares e os desafios escolares decorrentes.
Escola Particular - Quem é o aluno contemporâneo e como lidar com ele?
Jane Haddad - É o jovem que já chega completamente conectado com o mundo. Ele recebe muita informação, porque vive na Era da Informação. Porém, muitos alunos não sabem o que fazer com o que recebem. Esse aluno contemporâneo tem uma cultura própria, que precisa ser trazida para dentro da escola. Isso não significa descer ao seu nível, mas elevá-lo ao nível da escola, pois o nosso desafio é ajudá-lo a transformar essas informações em conhecimento.
Pedagoga pela PUC - MG, Jane Haddad também é especialista em Psicopedagogia (UNI-BH), cursou Docência do Ensino Superior pela Newton Paiva e Formação em Psicanálise (Círculo Psicanalítico de Minas Gerais), além da Psicanálise Hospitalar (Hospital Mater Dei - MG).
Mas sua experiência não é apenas acadêmica, Jane atuou por mais de 20 anos em escolas como professora, coordenadora pedagógica e diretora. É palestrante e conferencista em eventos educacionais no Brasil e exterior. Com o tema “O Que Quer a Escola: Novos Olhares resultam em Outras Práticas”, ela esteve no Congresso Saber do ano passado. E ela volta neste ano, para participar de uma a roda de conversa sobre os novos arranjos familiares e os desafios escolares decorrentes.
Escola Particular - Quem é o aluno contemporâneo e como lidar com ele?
Jane Haddad - É o jovem que já chega completamente conectado com o mundo. Ele recebe muita informação, porque vive na Era da Informação. Porém, muitos alunos não sabem o que fazer com o que recebem. Esse aluno contemporâneo tem uma cultura própria, que precisa ser trazida para dentro da escola. Isso não significa descer ao seu nível, mas elevá-lo ao nível da escola, pois o nosso desafio é ajudá-lo a transformar essas informações em conhecimento.
EP - Como esse aluno associa as informações que recebe?
JH - Precisamos pensar não apenas nas informações, mas na formação que ele traz de casa e considerar essa questão a partir do âmbito familiar, para depois trazê-lo ao público. Algo que me preocupa bastante é o fato de ser um aluno muito passivo. Embora se reclame muito da violência de alguns, percebo que o seu comportamento em sala de aula, em relação ao aprendizado, é de passividade: ele não fala, não se manifesta, nem argumenta. Ele se posiciona no mundo, mas se mostra apático na escola. Quando você diz para um jovem que ele tirou um zero na prova, invariavelmente, sua resposta se resume a um “aham”. Se você pergunta para ele: ‘então, você não vai ser ninguém?’ E ele dá de ombros, mostrando que não tá nem aí!
EP - Falta comunicação entre alunos e professores?
JH - É engraçado. Alguns alunos não conversam com os educadores em sala de aula, mas quando chegam da escola eles acessam as redes sociais e, ali, se conectam aos professores. E a razão dessa preferência é simples. Conectar-se pela rede é mais fácil, por não ter contato presencial. A escola deve repensar as maneiras de interação e o modo de enxergar esse aluno contemporâneo.
EP - Pode citar algum exemplo?
JH - Há vários bons exemplos. Um deles pode ser o aluno que faz um trabalho pela manhã e, quando chega a tarde, encontra o produto final postado no “face”. Isso é muito positivo quando mediado por um adulto, por promover aproximação entre alunos e professores, e destes com os familiares dos seus alunos. Mas, por outro lado, essa interatividade pode ter um péssimo uso.
Soube de uma escola que puniu o aluno porque ele não curtiu uma postagem, manifestando seu descontentamento por meio de um comentário. Isso é outra coisa a ser pensada.
A escola deve entender qual é o objetivo das redes sociais, pois o bom uso vai aproximar, na mesma medida em que o mau uso vai separar o aluno da escola. E não posso punir um aluno porque ele se manifestou de modo contrário. Devo trazer o seu ponto de vista para uma discussão presencial, porque o ambiente virtual tem a sua importância, mas não se pode perder a essência do contato olho no olho.
JH - Precisamos pensar não apenas nas informações, mas na formação que ele traz de casa e considerar essa questão a partir do âmbito familiar, para depois trazê-lo ao público. Algo que me preocupa bastante é o fato de ser um aluno muito passivo. Embora se reclame muito da violência de alguns, percebo que o seu comportamento em sala de aula, em relação ao aprendizado, é de passividade: ele não fala, não se manifesta, nem argumenta. Ele se posiciona no mundo, mas se mostra apático na escola. Quando você diz para um jovem que ele tirou um zero na prova, invariavelmente, sua resposta se resume a um “aham”. Se você pergunta para ele: ‘então, você não vai ser ninguém?’ E ele dá de ombros, mostrando que não tá nem aí!
EP - Falta comunicação entre alunos e professores?
JH - É engraçado. Alguns alunos não conversam com os educadores em sala de aula, mas quando chegam da escola eles acessam as redes sociais e, ali, se conectam aos professores. E a razão dessa preferência é simples. Conectar-se pela rede é mais fácil, por não ter contato presencial. A escola deve repensar as maneiras de interação e o modo de enxergar esse aluno contemporâneo.
EP - Pode citar algum exemplo?
JH - Há vários bons exemplos. Um deles pode ser o aluno que faz um trabalho pela manhã e, quando chega a tarde, encontra o produto final postado no “face”. Isso é muito positivo quando mediado por um adulto, por promover aproximação entre alunos e professores, e destes com os familiares dos seus alunos. Mas, por outro lado, essa interatividade pode ter um péssimo uso.
Soube de uma escola que puniu o aluno porque ele não curtiu uma postagem, manifestando seu descontentamento por meio de um comentário. Isso é outra coisa a ser pensada.
A escola deve entender qual é o objetivo das redes sociais, pois o bom uso vai aproximar, na mesma medida em que o mau uso vai separar o aluno da escola. E não posso punir um aluno porque ele se manifestou de modo contrário. Devo trazer o seu ponto de vista para uma discussão presencial, porque o ambiente virtual tem a sua importância, mas não se pode perder a essência do contato olho no olho.
EP - Há pouco tempo, nos EUA, alunos foram proibidos de ter professores entre seus amigos nas redes sociais. O que acha disso?
JH - Deve existir bom senso. Não cabe a um professor se comunicar com uma aluna às 2h da manhã! O professor não pode tratar questões de caráter pessoal com seus alunos. O ambiente virtual é um dispositivo que permite ao professor captar informações úteis sobre os alunos e serve como um auxílio para seu trabalho dentro da sala de aula. Mas quando se perde o senso de propósito dessa ferramenta, a coisa desanda. E ambos [professores e alunos] ficam expostos aos riscos que a gente já conhece.
O adulto deve lembrar que é um adulto. Ao conversar com uma menina de 10 anos, o professor deve entender o que se passa na cabeça dela. Se ele comenta o quanto ela está linda, a chance dessa menina entender que seu professor está apaixonado por ela é muito grande.
EP - E quais são os benefícios da comunicação via redes?
JH - Como falei, existe a vantagem de se abrir um canal de leitura. Por meio dele, fica mais fácil perceber o que seu aluno está te dizendo, aquilo que ele anseia. Então, o professor pode usar
essa leitura ao trabalhar com os demais alunos, de modo presencial. Tudo o que é novo pode ser usado contra ou a nosso favor. Mas eu sou muito a favor.
Esse é o mundo deles. O problema é que eles não refletem, mas a escola pode ajudá-los nesse sentido.
EP - E como ministrar aulas que estimulem a reflexão?
JH - Enquanto a escola trouxer coisas prontas para os alunos, não haverá motivação. Eles já estão conectados há muito tempo, bem antes de nós.
A escola ainda está desconectada.
E não basta que o professor use as ferramentas tecnológicas por obrigação. Igualmente, não é uma questão de banalizar a rede, mas fazer o aluno encontrar um sentido para aquilo que ele está fazendo. Caso contrário, o professor ficará para trás. Por que não colocar alunos para ajudarem os professores a lidar com as novas tecnologias? Podemos aprender muita coisa com eles. Por outro lado, eu sei uma coisa que alguns deles desconhecem: o perigo da internet. Porque isso é um vício. Uma janela abre a outra, que abre a outra, que abre a outra. Isso é uma coisa que posso ensinar a eles, assim como ensinar a administrar o tempo gasto na rede ou outros conhecimentos que lhe faltam.
JH - Deve existir bom senso. Não cabe a um professor se comunicar com uma aluna às 2h da manhã! O professor não pode tratar questões de caráter pessoal com seus alunos. O ambiente virtual é um dispositivo que permite ao professor captar informações úteis sobre os alunos e serve como um auxílio para seu trabalho dentro da sala de aula. Mas quando se perde o senso de propósito dessa ferramenta, a coisa desanda. E ambos [professores e alunos] ficam expostos aos riscos que a gente já conhece.
O adulto deve lembrar que é um adulto. Ao conversar com uma menina de 10 anos, o professor deve entender o que se passa na cabeça dela. Se ele comenta o quanto ela está linda, a chance dessa menina entender que seu professor está apaixonado por ela é muito grande.
EP - E quais são os benefícios da comunicação via redes?
JH - Como falei, existe a vantagem de se abrir um canal de leitura. Por meio dele, fica mais fácil perceber o que seu aluno está te dizendo, aquilo que ele anseia. Então, o professor pode usar
essa leitura ao trabalhar com os demais alunos, de modo presencial. Tudo o que é novo pode ser usado contra ou a nosso favor. Mas eu sou muito a favor.
Esse é o mundo deles. O problema é que eles não refletem, mas a escola pode ajudá-los nesse sentido.
EP - E como ministrar aulas que estimulem a reflexão?
JH - Enquanto a escola trouxer coisas prontas para os alunos, não haverá motivação. Eles já estão conectados há muito tempo, bem antes de nós.
A escola ainda está desconectada.
E não basta que o professor use as ferramentas tecnológicas por obrigação. Igualmente, não é uma questão de banalizar a rede, mas fazer o aluno encontrar um sentido para aquilo que ele está fazendo. Caso contrário, o professor ficará para trás. Por que não colocar alunos para ajudarem os professores a lidar com as novas tecnologias? Podemos aprender muita coisa com eles. Por outro lado, eu sei uma coisa que alguns deles desconhecem: o perigo da internet. Porque isso é um vício. Uma janela abre a outra, que abre a outra, que abre a outra. Isso é uma coisa que posso ensinar a eles, assim como ensinar a administrar o tempo gasto na rede ou outros conhecimentos que lhe faltam.
EP - Mas as novas tecnologias não resolvem tudo, certo?
JH - Não se deve esquecer que também é importante ler um livro, desenvolve r ideias no papel ou ter contato com uma obra de arte. Falta muita reflexão ao jovem de hoje. As propagandas na TV são um bom exemplo disso.
Elas trazem a seguinte mensagem : para um a pessoa s e r u m sucesso na vida, deve ser jovem ou ter alguma coisa que ainda não comprou. E qual é a reflexão que o jovem faz sobre isso? Antigamente, as moças sonhavam com um baile de debutantes quando completassem 15 anos de idade. Hoje, sonham com 300 ml de silicone.
EP - Nesse caso, não falta orientação por parte da família?
JH - Às vezes se ouve falar de família ausente. Quantos já pararam para pensar com qual família estamo s lidando? Precisamos saber qual é o perfil da minha escola. Ao marcar uma reunião de pais, preciso saber quem é a família com quem eu estou lidando. Embora tenha ido uma mãe extremamente presente, não gostava de ir às reuniões de pais, porque eu sabia que iria escutar sobre atrasos, avaliações, atividades, etc. Sinceramente, esse é um modelo que deve ser repensado. Precisamos fazer um mapeamento da família e saber aonde eles vão ou do que eles gostam, para planejar algo que venha ao encontro da família. O trabalho não deve focar apenas os alunos, mas suas famílias.
A família que conheci lá atrás é a mesma de hoje? Porque se eu planejo uma reunião de pais tendo em vista a família que conheci lá atrás, eles continuarão ausentes.
EP - E a questão da indisciplina escolar? O déficit de atenção piora o problema?
JH - A indisciplina só existe quando há rompimento da ordem. Quando uma regra é imposta de modo arbitrário, como a proibição do uso de bonés – algo que faz parte da composição de alguns adolescentes – existe uma quebra no relacionamento entre o adolescente e a escola. E não quero dizer que sou contra ou a favor ao uso do boné. Trata-se apenas de uma reflexão. Qual a interferência do boné na aprendizagem do aluno? Se isso vai mudar a forma de mediar esse aluno, que seja uma regra. Contudo, se não há sentido na proibição, deve-se pensar num bom motivo para restringir seu uso. Precisamos aprofundar mais as reflexões e sair um pouco do modismo. A gente discute tudo, mas de modo superficial, sem se aprofundar.
Quanto ao que alguns dizem ser déficit de atenção, quero lembrar uma cena comum aos nossos jovens. Eles falam ao celular ao mesmo tempo em que falam com você no MSN, fazem pesquisa no Google e ainda conseguem jogar no computador. Para mim, isso não representa um déficit de atenção. Eu tenho déficit de atenção em ver um a aula d e 45 minutos, o que não faz sentido nenhum para mim.
JH - Não se deve esquecer que também é importante ler um livro, desenvolve r ideias no papel ou ter contato com uma obra de arte. Falta muita reflexão ao jovem de hoje. As propagandas na TV são um bom exemplo disso.
Elas trazem a seguinte mensagem : para um a pessoa s e r u m sucesso na vida, deve ser jovem ou ter alguma coisa que ainda não comprou. E qual é a reflexão que o jovem faz sobre isso? Antigamente, as moças sonhavam com um baile de debutantes quando completassem 15 anos de idade. Hoje, sonham com 300 ml de silicone.
EP - Nesse caso, não falta orientação por parte da família?
JH - Às vezes se ouve falar de família ausente. Quantos já pararam para pensar com qual família estamo s lidando? Precisamos saber qual é o perfil da minha escola. Ao marcar uma reunião de pais, preciso saber quem é a família com quem eu estou lidando. Embora tenha ido uma mãe extremamente presente, não gostava de ir às reuniões de pais, porque eu sabia que iria escutar sobre atrasos, avaliações, atividades, etc. Sinceramente, esse é um modelo que deve ser repensado. Precisamos fazer um mapeamento da família e saber aonde eles vão ou do que eles gostam, para planejar algo que venha ao encontro da família. O trabalho não deve focar apenas os alunos, mas suas famílias.
A família que conheci lá atrás é a mesma de hoje? Porque se eu planejo uma reunião de pais tendo em vista a família que conheci lá atrás, eles continuarão ausentes.
EP - E a questão da indisciplina escolar? O déficit de atenção piora o problema?
JH - A indisciplina só existe quando há rompimento da ordem. Quando uma regra é imposta de modo arbitrário, como a proibição do uso de bonés – algo que faz parte da composição de alguns adolescentes – existe uma quebra no relacionamento entre o adolescente e a escola. E não quero dizer que sou contra ou a favor ao uso do boné. Trata-se apenas de uma reflexão. Qual a interferência do boné na aprendizagem do aluno? Se isso vai mudar a forma de mediar esse aluno, que seja uma regra. Contudo, se não há sentido na proibição, deve-se pensar num bom motivo para restringir seu uso. Precisamos aprofundar mais as reflexões e sair um pouco do modismo. A gente discute tudo, mas de modo superficial, sem se aprofundar.
Quanto ao que alguns dizem ser déficit de atenção, quero lembrar uma cena comum aos nossos jovens. Eles falam ao celular ao mesmo tempo em que falam com você no MSN, fazem pesquisa no Google e ainda conseguem jogar no computador. Para mim, isso não representa um déficit de atenção. Eu tenho déficit de atenção em ver um a aula d e 45 minutos, o que não faz sentido nenhum para mim.
EP - Entrando no assunto do próximo Congresso Saber, você entende que falta a imposição de limites?
JH - Primeiramente, vamos pensar na falta de limites físicos. Dentro de uma casa com três filhos pode acontecer de a família ter três televisões, além do quarto aparelho, que é dos pais. Então, cada um vai para o seu quarto, que é o seu limite físico, e vê o que quer. Se todos se sentarem juntos diante da mesma TV, vai ter briga, porque não existe consenso. Um exemplo desses parece que não tem nada a ver, mas tem. Avançando nesse raciocínio, podemos analisar a maneira como os filhos entram no quarto dos pais, como eles se deitam, se levam a namorada para transar em casa, etc. É um microcosmo. Já ouvi um professor indagar a razão de um aluno comer à mesa usando boné. Não sabemos se isso é um princípio da família, mas alguns vão dizer que isso acontece porque a família não impõe limites.
EP - Para você, o que é impor limite?
JH - Entendo ser a fronteira entre o pode e não pode; entre o público e o privado. Alguns dizem que essa geração não tem limites. Será que a nossa geração tem? Basta andar por um aeroporto para ver pessoas da nossa geração falando ao celular quando não podem, ocupando três assentos enquanto há pessoas de pé, ou ocupando uma vaga de deficiente. Elas também não têm limites. Será que isso não tem a ver com a educação?
Concordo que a geração atual não tem certos limites, mas eles são frutos de uma geração cheia de culpas. São pais que passam o dia inteiro fora e entendem ser necessário dar tudo o que os filhos querem para ser feliz. O grande desafio é encontrar um ponto de equilíbrio. Venho de uma geração em que nada podia. Lá atrás, não podia manifestar meu pensamento livremente. Hoje, porém, o jovem pode se manifestar, mas não tem um projeto de vida. Lá atrás, quando alguém dizia um não para um adolescente, ele decidia adiar um prazer ou uma satisfação.
A partir desse não que ele recebia, surgiam desejos e expectativas; e isso levava à criação de um projeto. Eu não vejo isso no jovem de hoje.
EP - O jovem não sonha?
JH - Sonha. Porém, somente para o hoje. Já ouvi alguns jovens dizerem que seu sonho é ser um Big Brother. Em uma formatura, um jovem de 24 anos disse que o amanhã não existe e o importante é viver intensamente o dia de hoje.
EP - Faltam bons modelos à juventude?
JH - Percebo que o professor não é mais a referência que costumava ser para os alunos. Eu me lembro da minha primeira professora e de quantos alunos foram influenciados de modo positivo pelos seus educadores! Nos dias de hoje, ai de um aluno se ele disser que quer ser um professor. O próprio educador é o primeiro a repreendê-lo, ao perguntar: “Você tá louco? Quer levar a vida que eu levo?”. E eu te pergunto, quem é que passa o maior tempo com o aluno? É o professor. Mas existe uma luz.
EP -E qual é?
JH - A saída é participar de eventos como o [Congresso] Saber, em que você encontra especialistas de várias áreas, formulando novas questões. É o que falei na minha palestra: quanto menos resposta , melhor !
Precisamos de novas perguntas, novos questionamentos. Alguns dizem que a família está ausente. Tudo bem, mas as respostas para isso eu já sei. Aquilo que eu ainda não sei, porém, é a resposta que devo buscar. Isso só acontece quando se formulam novas perguntas. Podemos perguntar, no caso da família, com quem estamos lidando. Precisamos de mais perguntas, mais reflexões e menos receitinhas. Mas não temos as respostas hoje. E quem diz ter as respostas está equivocado. As pesquisas que são feitas, as estatísticas apresentadas e os dados apurados nos ajudam a chegar perto, mas não temos tantas respostas como se propaga por aí. O Congresso Saber é uma oportunidade. São dezenas de atividades para beneficiar o educador.
Eu venho ao Saber para que também possa aproveitar essa oportunidade única de conhecer mais.
JH - Primeiramente, vamos pensar na falta de limites físicos. Dentro de uma casa com três filhos pode acontecer de a família ter três televisões, além do quarto aparelho, que é dos pais. Então, cada um vai para o seu quarto, que é o seu limite físico, e vê o que quer. Se todos se sentarem juntos diante da mesma TV, vai ter briga, porque não existe consenso. Um exemplo desses parece que não tem nada a ver, mas tem. Avançando nesse raciocínio, podemos analisar a maneira como os filhos entram no quarto dos pais, como eles se deitam, se levam a namorada para transar em casa, etc. É um microcosmo. Já ouvi um professor indagar a razão de um aluno comer à mesa usando boné. Não sabemos se isso é um princípio da família, mas alguns vão dizer que isso acontece porque a família não impõe limites.
EP - Para você, o que é impor limite?
JH - Entendo ser a fronteira entre o pode e não pode; entre o público e o privado. Alguns dizem que essa geração não tem limites. Será que a nossa geração tem? Basta andar por um aeroporto para ver pessoas da nossa geração falando ao celular quando não podem, ocupando três assentos enquanto há pessoas de pé, ou ocupando uma vaga de deficiente. Elas também não têm limites. Será que isso não tem a ver com a educação?
Concordo que a geração atual não tem certos limites, mas eles são frutos de uma geração cheia de culpas. São pais que passam o dia inteiro fora e entendem ser necessário dar tudo o que os filhos querem para ser feliz. O grande desafio é encontrar um ponto de equilíbrio. Venho de uma geração em que nada podia. Lá atrás, não podia manifestar meu pensamento livremente. Hoje, porém, o jovem pode se manifestar, mas não tem um projeto de vida. Lá atrás, quando alguém dizia um não para um adolescente, ele decidia adiar um prazer ou uma satisfação.
A partir desse não que ele recebia, surgiam desejos e expectativas; e isso levava à criação de um projeto. Eu não vejo isso no jovem de hoje.
EP - O jovem não sonha?
JH - Sonha. Porém, somente para o hoje. Já ouvi alguns jovens dizerem que seu sonho é ser um Big Brother. Em uma formatura, um jovem de 24 anos disse que o amanhã não existe e o importante é viver intensamente o dia de hoje.
EP - Faltam bons modelos à juventude?
JH - Percebo que o professor não é mais a referência que costumava ser para os alunos. Eu me lembro da minha primeira professora e de quantos alunos foram influenciados de modo positivo pelos seus educadores! Nos dias de hoje, ai de um aluno se ele disser que quer ser um professor. O próprio educador é o primeiro a repreendê-lo, ao perguntar: “Você tá louco? Quer levar a vida que eu levo?”. E eu te pergunto, quem é que passa o maior tempo com o aluno? É o professor. Mas existe uma luz.
EP -E qual é?
JH - A saída é participar de eventos como o [Congresso] Saber, em que você encontra especialistas de várias áreas, formulando novas questões. É o que falei na minha palestra: quanto menos resposta , melhor !
Precisamos de novas perguntas, novos questionamentos. Alguns dizem que a família está ausente. Tudo bem, mas as respostas para isso eu já sei. Aquilo que eu ainda não sei, porém, é a resposta que devo buscar. Isso só acontece quando se formulam novas perguntas. Podemos perguntar, no caso da família, com quem estamos lidando. Precisamos de mais perguntas, mais reflexões e menos receitinhas. Mas não temos as respostas hoje. E quem diz ter as respostas está equivocado. As pesquisas que são feitas, as estatísticas apresentadas e os dados apurados nos ajudam a chegar perto, mas não temos tantas respostas como se propaga por aí. O Congresso Saber é uma oportunidade. São dezenas de atividades para beneficiar o educador.
Eu venho ao Saber para que também possa aproveitar essa oportunidade única de conhecer mais.
EP - Pena que nem todos vejam dessa forma!
JH - O professor ainda não se deu conta do seu importante papel. Ele não acredita e não se vê como um agente de transformação da sociedade, embora esteja mais tempo com nossas crianças e adolescentes do que os próprios pais.
Vivemos a angústia da escolha. Antes, o professor não podia mudar de profissão. Hoje pode. Costumo dizer aos insatisfeitos: muda! É um duro e pesado convite, mas é verdadeiro. Em primeiro lugar, alguns professores devem mudar de profissão para darem a si mesmos uma chance de ser feliz.
Além disso, devem dar uma oportunidade aos seus alunos. Ninguém merece acordar todos os dias pensando que tem de ir para “aquela escola”, para dar “aquela aula”! E se o professor vai assim para a escola, coitado do seu aluno.
EP - Como está a formação dos nossos jovens? Há enfoque nos futuros cidadãos ou em preparar pessoas para o mercado de trabalho?
JH - O mercado de trabalho é muito vasto, mas está cheio de pessoa s extremamente competentes desempregadas. Isso acontece porque, diante do primeiro conflito no trabalho, elas pedem demissão. Há adolescentes que saem alardeando que o mercado está ruim. O problema é que alguns deles trabalham apenas três meses num lugar; e depois de ter um problema com o chefe ou outra pessoa, simplesmente pedem a demissão. São jovens despreparados para o mercado e para a vida.
Conheci excelentes alunos que, na hora de fazer a prova numa federal, não conseguem um bom desempenho. Eles travam. E há aqueles que se dão muito bem no mercado de trabalho, mas veem tudo como uma competição. Para estes, o outro não importa. Sua única preocupação é atingir o objetivo.
Como falar de cidadania em um projeto pedagógico quando há professores que fomentam esse comportamento? Já vi professores do Ensino Médio afirmarem para os alunos, o tempo todo, que embora sejam amigos, seus companheiros de sala são seus concorrentes no vestibular. Será essa a concepção de formação para o mercado que nós buscamos? Todos os dias, vemos quem queira derrubar o outro, ou quem deseje aparecer por causa do fracasso do outro, etc. A escola tem contribuído um pouco com esse espírito de competição, que não é saudável.
EP - A escola é culpada, então?
JH - No dia da tragédia em Realengo, quando a mídia só falava nisso, eu chorei por pensar em qual momento eu poderia ter fechado meus olhos.
Não que eu tivesse algum sentimento de culpa, mas porque eu também sou uma educadora. E a situação que antecedeu essa tragédia se repete há vários anos em muitas de nossas escolas.
Não estou buscando culpados. Não é isso. E concordo que o ocorrido em Realengo envolve um caso patológico.
Porém, aquele rapaz [Wellington] passou pela escola. Será que ninguém viu? Ninguém percebeu os sinais de comportamento? O que eu poderia ter feito por ele, como professora? Casos como esse devem servir à reflexão. Não como a mídia faz: massacrando num primeiro momento, para abandonar o assunto depois que perde o interesse.
O conflito é o tipo de situação que precisa ser contemplada na escola, com discussão em sala de aula.
JH - O professor ainda não se deu conta do seu importante papel. Ele não acredita e não se vê como um agente de transformação da sociedade, embora esteja mais tempo com nossas crianças e adolescentes do que os próprios pais.
Vivemos a angústia da escolha. Antes, o professor não podia mudar de profissão. Hoje pode. Costumo dizer aos insatisfeitos: muda! É um duro e pesado convite, mas é verdadeiro. Em primeiro lugar, alguns professores devem mudar de profissão para darem a si mesmos uma chance de ser feliz.
Além disso, devem dar uma oportunidade aos seus alunos. Ninguém merece acordar todos os dias pensando que tem de ir para “aquela escola”, para dar “aquela aula”! E se o professor vai assim para a escola, coitado do seu aluno.
EP - Como está a formação dos nossos jovens? Há enfoque nos futuros cidadãos ou em preparar pessoas para o mercado de trabalho?
JH - O mercado de trabalho é muito vasto, mas está cheio de pessoa s extremamente competentes desempregadas. Isso acontece porque, diante do primeiro conflito no trabalho, elas pedem demissão. Há adolescentes que saem alardeando que o mercado está ruim. O problema é que alguns deles trabalham apenas três meses num lugar; e depois de ter um problema com o chefe ou outra pessoa, simplesmente pedem a demissão. São jovens despreparados para o mercado e para a vida.
Conheci excelentes alunos que, na hora de fazer a prova numa federal, não conseguem um bom desempenho. Eles travam. E há aqueles que se dão muito bem no mercado de trabalho, mas veem tudo como uma competição. Para estes, o outro não importa. Sua única preocupação é atingir o objetivo.
Como falar de cidadania em um projeto pedagógico quando há professores que fomentam esse comportamento? Já vi professores do Ensino Médio afirmarem para os alunos, o tempo todo, que embora sejam amigos, seus companheiros de sala são seus concorrentes no vestibular. Será essa a concepção de formação para o mercado que nós buscamos? Todos os dias, vemos quem queira derrubar o outro, ou quem deseje aparecer por causa do fracasso do outro, etc. A escola tem contribuído um pouco com esse espírito de competição, que não é saudável.
EP - A escola é culpada, então?
JH - No dia da tragédia em Realengo, quando a mídia só falava nisso, eu chorei por pensar em qual momento eu poderia ter fechado meus olhos.
Não que eu tivesse algum sentimento de culpa, mas porque eu também sou uma educadora. E a situação que antecedeu essa tragédia se repete há vários anos em muitas de nossas escolas.
Não estou buscando culpados. Não é isso. E concordo que o ocorrido em Realengo envolve um caso patológico.
Porém, aquele rapaz [Wellington] passou pela escola. Será que ninguém viu? Ninguém percebeu os sinais de comportamento? O que eu poderia ter feito por ele, como professora? Casos como esse devem servir à reflexão. Não como a mídia faz: massacrando num primeiro momento, para abandonar o assunto depois que perde o interesse.
O conflito é o tipo de situação que precisa ser contemplada na escola, com discussão em sala de aula.
Postado por MARCELO LUNA às 23:28:00
quarta-feira, 18 de julho de 2012
Silêncio que Fala!
Na Vida existem falas ditas e falas "caladas"!
Ultimamente o silêncio diz o que as palavras não falam!
Cabe aos pais e educadores "escutar" os sinais silenciosos de suas crianças e jovens!
Algo me preocupa!
Escutar...
A Palavra anda! O Silêncio Fala!
quarta-feira, 27 de junho de 2012
Crescer sem Adoecer: Dedicado a minha Filha Juliana Haddad
Menina – moça
Moça – menina!
Onde você está?
Seu olhar parece despido...perdido... pelo medo de crescer
E adentrar-se a vida adulta; 28 anos se passaram...e ai está você! Moça-mulhe
É preciso continuar... avida recomeça! agora, você é uma Doutora!
Avançar...enfrentar...desbravar
Crescer se apreende crescendo.
Menina – moça;Quero ver seu olhar lúcido e limpo;Sem medo
Crescer! Caminhar no seu processo de crescer
Simplesmente crescendo...
No amor , na dor, no .seu tempo seu espaço !
Sem pressa.
Menina- moça ;Crescer é olhar para sua história
Brincar com com a "dor" de crescer; vibrar ;despertar e arriscar sem medo de errar
Menina – moça ;
É preciso aceitar
Que se eu continuar a te embalar com um ninar
Como eu embalava a minha menina Quando você acordar... O que vai ser da Menina-Moça; hoje mulher? Te amo minha filha menina-moça mulher!
Porto Seguro, 27 de junho de 2012. Boa viagem minha Filha! Paris te espera! Te amo
domingo, 17 de junho de 2012
SABER 2012
O momento é de Interlocução, a educação não cabe apenas na escola e na família...ela acontece em todo lugar! O momento é de interlocução, buscar novas e velhas perguntas, refletir! E jamais dar respostas! Participem !
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
Indo (ir) tecendo(tecer) Palavras!
Viajar...
Escutar, falar, sonhar, trabalhar!
Me pergunto: tecer é educar?
Logo me vem a mente: Educar é como um grande tear... Um ir e vir de vidas!
Educar... Tecer ...
Minha escolha até o momento, tem sido... Tecer palavras em conferências pelo "mundo" ; desacomodar os acomodados; ampliar o olhar de quem ainda se permite enchergar ; desatar nós dado por uma educação "adormecida" em currículos fechados e metodologias enraízadas em um tempo-espaço que já nã existe mais!
Educar tem sido muito mais um ato de escutar do que falar;
Onde a palavra entra, é possível ver-fazer mudança!
Educar ultrapassa o fazer por fazer;
Fazer requer sentir;
Sentir requer desejar;
Desejar requer " faltar"...
A falta que nos coloca em movimento de Desejar ...um desejo que nos leva a outro, outro, outro...
Desejo que nos tira da queixa e nos conduz a coresponsabilidade...
Educar é meu trabalho, amparado sempre no escutar atento e no olhar cuidadoso, é aí que existe a possibilidade de Tecer uma outra educação: no encontro de vários olhares a palavra surge e pode ser escutada! A Palavra em Movimento! Um ir e vir...educar, tecer movimentos!
Jane Patricia Haddad( aeroporto de Confins indo para um encontro com Educadores em Estrela-RS)
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